Fábrica em Ponte de Sor vai produzir aeronaves ligeiras e criar 1200 empregos

Projecto de produção da primeira aeronave ligeira integralmente feita em Portugal envolve o CEiiA - Centro de Engenharia e Desenvolvimento de Produto e a empresa brasileira DESAER, fundada por antigos quadros da Embraer.

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Fábrica que vai ser construída no Aeródromo Municipal de Ponte de Sor está integrada no Programa ATL-100 Pedro Elias (colaborador)

O Aeródromo Municipal de Ponte de Sor (Portalegre) vai acolher a produção da primeira aeronave ligeira integralmente feita em Portugal, cujo primeiro protótipo deverá estar concluído em 2023, disse esta quinta-feira fonte do município à agência Lusa.

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O Aeródromo Municipal de Ponte de Sor (Portalegre) vai acolher a produção da primeira aeronave ligeira integralmente feita em Portugal, cujo primeiro protótipo deverá estar concluído em 2023, disse esta quinta-feira fonte do município à agência Lusa.

“A parte da industrialização da aeronave será em Ponte de Sor, devido às condições do aeródromo”, disse o presidente do município, Hugo Hilário, após o encerramento do primeiro dia da cimeira aeronáutica “Portugal Air Summit”, que decorre até sexta-feira naquela cidade alentejana.

A fábrica que vai ser construída no Aeródromo Municipal de Ponte de Sor está integrada no Programa ATL-100, o primeiro programa aeronáutico completo de Portugal e que envolve o CEiiA - Centro de Engenharia e Desenvolvimento de Produto e a empresa brasileira DESAER, fundada por antigos quadros da construtora aeronáutica Embraer, também do Brasil.

O autarca explicou que este projecto vai criar 1200 postos de trabalho, que serão repartidos pelo centro de engenharia que este programa está a desenvolver no Parque do Alentejo de Ciência e Tecnologia, em Évora, e também numa outra área em Beja.

“Este projecto vai criar 1200 postos de trabalho, não todos em Ponte de Sor. O centro de engenharia vai ser em Évora, prevê-se também alguma actividade em Beja no âmbito deste triangulo aeronáutico Ponte de Sor, Évora e Beja, mas desses postos de trabalho, aquilo que eu penso, é que a maior parte vai ser em Ponte de Sor, mas não vou quantificar”, disse.

O projecto luso-brasileiro que vai desenvolver, fabricar e operar uma aeronave ligeira integralmente feita em Portugal, a partir do Alentejo, foi apresentado no dia 25 de Setembro em Évora, tendo sido anunciado que a previsão para a comercialização do primeiro avião seria “no final de 2025 ou início de 2026”.

O Programa ATL-100, o primeiro programa aeronáutico completo de Portugal, “prevê quatro protótipos” da nova aeronave ligeira que vai ser construída, sendo que a “planificação prevê que o roll-out do primeiro aconteça no final de 2023”, disse na altura aos jornalistas Miguel Braga, director do CEiiA - Centro de Engenharia e Desenvolvimento de Produto.

O projecto foi apresentado no Parque do Alentejo de Ciência e Tecnologia, em Évora, onde o CEiiA tem escritórios e onde vai ser feita a fase de desenvolvimento da aeronave.

O programa, que prevê o envolvimento de “mais de 30 empresas e universidades nacionais e internacionais, nomeadamente ligadas aos programas como o MIT”, envolve um investimento global estimado na ordem dos “164 milhões de dólares”, ou seja, à volta de 140 milhões de euros, afirmou o director do CEiiA.

Este investimento, “como já está a ter nesta fase inicial”, conta com financiamento de fundos comunitários, nomeadamente através do programa operacional regional Alentejo 2020, “mas a grande fatia” do montante “vai ser assegurada pela DESAER e pelo CEiiA e, numa segunda linha, por investidores”, sobretudo internacionais.

“Os 20 milhões de euros que temos neste momento é para a fase de desenvolvimento que vai acontecer” em Évora, onde o objectivo passa por “ter 50 engenheiros a trabalhar em permanência e dedicados em exclusivo ao desenvolvimento do programa até ao final do ano”, adiantou Miguel Braga.

A ATL-100 é uma aeronave “de transporte leve, para operar em pistas com condições não muito exigentes, com um alcance de 1600 quilómetros”, e que poderá “transportar até 19 passageiros”, mas que “em duas horas pode ser transformada”, passando para carga ou vice-versa, sendo “uma alternativa para zonas menos desenvolvidas do ponto de vista de infra-estruturas, em África ou na América do Sul”.