João Almeida deixou a camisola rosa do Giro no Stelvio

Ciclista português baixou para a quinta posição da geral da Volta à Itália em bicicleta. Kelderman é o novo líder. Se não desistir nas três etapas que faltam, Rúben Guerreiro vai ser o rei da montanha.

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Almeida esteve duas semanas a liderar o Giro LUSA/LUCA ZENNARO

Foram 17 dias que entraram para a história do ciclismo português, os dias em que João Almeida (Deceuninck Quick Step) foi o dono da camisola rosa da Volta à Itália em bicicleta. Vindo quase do nada, o jovem português de 22 anos assumiu a liderança a 5 de Outubro na 3.ª etapa e só a perdeu nesta quinta-feira, na 18.ª, a caminho do ponto mais alto do Giro, o Stelvio, a 2758m de altitude. Acabou por não ter pernas para resistir aos ataques dos seus concorrentes directos, baixou para o quinto lugar e dificilmente irá voltar a entrar na luta pela “maglia rosa”, tendo em conta que ficou a 2m16s do novo líder, o holandês Wilco Kelderman (Sunweb) e faltam apenas três etapas para o final da prova.

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Foram 17 dias que entraram para a história do ciclismo português, os dias em que João Almeida (Deceuninck Quick Step) foi o dono da camisola rosa da Volta à Itália em bicicleta. Vindo quase do nada, o jovem português de 22 anos assumiu a liderança a 5 de Outubro na 3.ª etapa e só a perdeu nesta quinta-feira, na 18.ª, a caminho do ponto mais alto do Giro, o Stelvio, a 2758m de altitude. Acabou por não ter pernas para resistir aos ataques dos seus concorrentes directos, baixou para o quinto lugar e dificilmente irá voltar a entrar na luta pela “maglia rosa”, tendo em conta que ficou a 2m16s do novo líder, o holandês Wilco Kelderman (Sunweb) e faltam apenas três etapas para o final da prova.

Depois de uma primeira metade de etapa sem grandes movimentações entre os candidatos, e em que Rúben Guerreiro (EF Pro Cycling) amealhou os pontos suficientes para garantir o título de rei da montanha, os primeiros começaram a mexer-se na subida do Stelvio e Almeida, sem grande respaldo dos seus colegas de equipa, começou logo a ficar para trás.

O grupo que disparou na frente rapidamente se reduziu a Jai Hindley (Sunweb) e Tao Geoghengan Hart (Ineos), ficando Kelderman para trás sem que o seu colega de equipa esperasse por ele.

Esta estratégia arriscada da Sunweb acabaria por dar frutos. Hindley ficou com a vitória na etapa, batendo Hart na aceleração final, e Kelderman ficou com a liderança da geral. Mais de quatro minutos depois, João Almeida cortava a meta, ainda a dar tudo em cada pedalada, mais longe do sonho rosa, mas bem perto de uma estreia de sonho numa grande volta — um “top 5” no Giro é algo que nenhum português conseguia desde o quinto lugar de José Azevedo em 2001.

“Estava no limite e sabia que não podia seguir ao mesmo ritmo [dos adversários] até ao topo, por isso levei o meu ritmo para não perder muito tempo”, disse o ciclista português.

Nesta 18.ª etapa, 207km entre Pinzolo to Laghi di Cancano, o outro português do Giro, Rúben Guerreiro, que tentou ajudar Almeida na subida do Stelvio, ganhou uma vantagem decisiva na liderança do prémio da montanha, até porque Giovanni Visconti (Vini Zàbu), que era o segundo, desistiu. O ciclista da EF Pro Cycling amealhou pontos suficientes para ficar com a camisola azul até ao final (234) e, só se desistir, é que não irá ser o rei da montanha no Giro.

Com três etapas por correr no Giro, Kelderman é agora o líder, com 12s de vantagem sobre Hindley e 15 sobre Goeghegan Hart. João Almeida está em quinto, a 2m16s do novo camisola rosa. A etapa desta sexta-feira (258 km entre Morbegno e Asti) será para os “sprinters”, voltando a haver alta montanha amanhã, antes do contra-relógio individual fechar a prova no domingo. João Almeida ainda poderá fazer alguma coisa, mas, mesmo que não faça, já foi um protagonista maior deste Giro 2020. E, aos 22 anos, a sua carreira, está praticamente a começar.