Arouca: atravessar a maior ponte suspensa do mundo vai custar 12 euros
A Ponte 516 Arouca ainda não tem data de inauguração, mas já tem preço: 12€ por pessoa, anunciou esta quarta-feira a autarquia.
A Câmara Municipal de Arouca anunciou esta quarta-feira que o acesso à Ponte 516 Arouca, apontada como a maior ponte suspensa do mundo devido ao seu vão de 516 metros, vai custar 12 euros por pessoa quando abrir ao público.
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A Câmara Municipal de Arouca anunciou esta quarta-feira que o acesso à Ponte 516 Arouca, apontada como a maior ponte suspensa do mundo devido ao seu vão de 516 metros, vai custar 12 euros por pessoa quando abrir ao público.
A data para a inauguração da estrutura ainda não foi definida pela autarquia, devido, sobretudo, às contingências actuais relacionadas com a pandemia de covid-19, mas a tabela de preços já foi aprovada e apresentada, esta tarde, aos operadores turísticos do concelho.
Margarida Belém, presidente da Câmara Municipal de Arouca, explicou à Lusa a opção pelo valor de 12 euros como preço normal de acesso: “Enquanto obra de engenharia única, a Ponte 516 Arouca envolve uma experiência exclusiva e singular e o custo da entrada ajudará a controlar fluxos e a garantir uma visita de qualidade. Estes preços também ajudarão a fazer face aos custos de manutenção previstos e à contratação do pessoal necessário para controlo e realização das visitas.”
Além do bilhete normal a 12 euros, o tarifário da nova construção prevê ingressos a 10 euros para estudantes e maiores de 65 anos, assim como pacotes familiares. A experiência de travessia da ponte estará vedada a crianças com menos de seis anos, mas para agregados com filhos de idade superior estará assim disponível um pacote mais barato de 30 euros, no caso de dois adultos e uma criança, e outro de 40 euros, para casais com dois menores.
Os cidadãos com residência comprovada em Arouca continuarão a ter acesso gratuito à nova estrutura mediante a aquisição de um cartão de morador, como já acontecia com os Passadiços do Paiva. Válido por três anos, esse documento tinha um custo de 2,50 euros, mas passa agora a custar 5 a cada renovação, obrigando sempre a marcação prévia da visita à ponte.
Ainda segundo a autarquia, os bilhetes estarão disponíveis online, como anteriormente, e conferem direito a percorrer os oito quilómetros dos Passadiços do Paiva, até porque a nova ponte é um complemento desse percurso turístico sobre as escarpas do rio. Não há, contudo, ingresso a preço diferente para quem quiser visitar apenas a ponte sem aceder ao restante trajecto.
Inspirada nas pontes incas que atravessavam os vales das montanhas dos Andes, a ponte pedonal 516 Arouca liga a margem de Canelas à encosta de Alvarenga a 175 metros de altura sobre a secção mais agitada do rio Paiva. A obra resulta de um projecto arquitectónico do ITeCons - Instituto de Investigação e Desenvolvimento Tecnológico para a Construção, Energia, Ambiente e Sustentabilidade da Universidade de Coimbra, sendo que a empreitada esteve a cargo das empresas Conduril e Outside Works.
A associação ambientalista S.O.S Rio Paiva já manifestou algumas preocupações sobre a abertura da nova ponte, defendendo que o investimento em estruturas turísticas tem que ser acompanhado por medidas de “controlo de espécies invasoras” e por “um forte investimento na eliminação da poluição com origem nas estações de águas residuais a montante” do concelho, nomeadamente nos municípios de “Vila Nova de Paiva e Castro Daire”.
Argumentando que a ponte “pouco vem acrescentar à forma como é usufruído” um troço do território que “sempre foi valorizado por ser um dos mais bem conservados e selvagens do rio Paiva, introduzindo apenas a componente da adrenalina e todo o mediatismo inerente” à obra, a associação apela a que se evitem “os graves problemas que surgiram após a abertura dos Passadiços em 2015” devido ao excessivo fluxo de turistas.
Questionada sobre essas preocupações, Margarida Belém declarou que a construção da ponte 516 Arouca integra uma estratégia de “dinamização turística e económica que é fundamental para a fixação da população e para a geração de riqueza a nível local”, sobretudo no caso de um “território de interior” como o que está em causa.
A autarca socialista realça, contudo, que a mesma estratégia obedece também a uma missão pedagógica de responsabilidade ambiental e social: “Queremos que quem nos visita se aperceba do património riquíssimo e singular que está a observar, experienciando uma notável obra de engenharia com selo totalmente nacional e, ao mesmo tempo, despertando para a crescente necessidade de preservar a nossa biodiversidade. Queremos continuar a afirmar Arouca como um destino verde, sustentável, com uma oferta de qualidade e diferenciadora.”
A presidente da Câmara afirma que a receita resultante dessa procura turística “tem permitido reforçar a intervenção da autarquia a nível ambiental” e dá dois exemplos: “Temos em implementação um projecto de recuperação da galeria ripícola do Paiva que contempla, entre outras intervenções, a remoção de espécies invasoras. Temos também em curso uma experiência-piloto de serviços de ecossistema, de forma a criar opções de diversificação económica em contexto de gestão florestal sustentável no município.”
Quanto aos focos de poluição com origem noutros concelhos, Margarida Belém observa: “Temos encetado todos os esforços junto das entidades competentes para a resolução desse problema, mas projectos como o da ponte 516 Arouca revelam-se fundamentais para exercermos maior pressão sobre as autoridades, dada a maior visibilidade que estes recursos turísticos conferem a qualquer ocorrência poluidora.”