Depoimento de Ghislaine Maxwell sobre o seu caso com Jeffrey Epstein vai ser público
Maxwell deve começar a ser julgada em Julho, sob acusações de ajudar a recrutar raparigas, incluindo menores, que seriam abusadas por Epstein.
A socialite britânica Ghislaine Maxwell lutou mas o tribunal de recurso, de Manhattan, Nova Iorque, reconfirmou a decisão e recusou o pedido para que não fosse divulgado um depoimento seu, no qual detalha a relação que manteve com Jeffrey Epstein, por entender que o público tem direito a conhecer as 418 páginas do documento.
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A socialite britânica Ghislaine Maxwell lutou mas o tribunal de recurso, de Manhattan, Nova Iorque, reconfirmou a decisão e recusou o pedido para que não fosse divulgado um depoimento seu, no qual detalha a relação que manteve com Jeffrey Epstein, por entender que o público tem direito a conhecer as 418 páginas do documento.
Em Julho já foram tornados públicos, a pedido do tribunal, mais de 80 documentos onde a socialite britânica é acusada de ter ajudado a recrutar raparigas para o financeiro — que foi encontrado morto na prisão de Manhattan — abusar sexualmente uma das menores, um delas de 14 anos. Entre os documentos estavam registos de voos em jactos privados, relatórios policiais e emails trocados entre ambos.
Na altura em que a juíza distrital norte-americana Loretta Preska ordenou a libertação dos documentos, também o polémico depoimento de Maxwell, recolhido em Abril de 2016, deveria ter sido tornado público, argumentando agora a juíza que defende que o direito do público em vê-los era superior aos interesses de Maxwell.
Contudo, face a uma moção de emergência ao tribunal federal de recurso em Manhattan, esse depoimento manteve-se em segredo, considerando os advogados da socialite que foram feitas perguntas “intrusivas” sobre a sua vida sexual e que uma divulgação poderia tornar “difícil, se não impossível”, obter um julgamento justo.
Toda a documentação em causa está ligada a um processo por difamação contra Maxwell, interposto, em 2015, por Virginia Giuffre, que alegava ser menor de idade quando Epstein a manteve como “escrava sexual” com a ajuda da britânica. O caso foi encerrado em 2017 através de um acordo.
Cerca de três meses depois, um tribunal de recurso reconfirmou a decisão de divulgar os documentos, que podem ser utilizados nos casos que enfrenta neste momento em tribunal.
Maxwell, de 58 anos, declarou-se inocente face as acusações de ter ajudado Epstein a recrutar e, eventualmente, abusar de três raparigas entre 1994 e 1997, e de cometer perjúrio ao negar o seu envolvimento sob juramento. A britânica foi presa a 2 de Julho numa casa em New Hampshire, onde os procuradores disseram que estava escondida. Depois de lhe ter sido negada a fiança, está detida numa prisão de Brooklyn, uma vez que o juiz que supervisiona o seu caso considerou que existe risco de fuga.
Jeffrey Epstein, que foi encontrado enforcado em Agosto de 2019, aos 66 anos de idade, na prisão de Manhattan, aguardava julgamento por acusações de tráfico sexual e abuso de mulheres e raparigas, em Manhattan e na Florida, entre 2002 e 2005. Epstein tinha-se declarado inocente.