Inquérito da CIP: 60% das empresas contam com quebras no fim do ano

Mais de três quartos das empresas consideram que os instrumentos de apoio lançados pelo Governo “estão aquém” ou “muito aquém” do necessário para responder à crise.

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Em Outubro subiu o número de empresas inquiridas que já tinham recebido o financiamento bancário pedido Daniel Rocha

As empresas partem pessimistas para a recta final do ano. Um inquérito realizado pela CIP - Confederação Empresarial de Portugal, divulgado nesta segunda-feira, a cerca de 550 empresas de vários sectores de actividade mostra que 60% das sociedades inquiridas ainda prevêem quebras significativas para os meses de Outubro, Novembro e Dezembro em relação ao período idêntico de 2019.

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As empresas partem pessimistas para a recta final do ano. Um inquérito realizado pela CIP - Confederação Empresarial de Portugal, divulgado nesta segunda-feira, a cerca de 550 empresas de vários sectores de actividade mostra que 60% das sociedades inquiridas ainda prevêem quebras significativas para os meses de Outubro, Novembro e Dezembro em relação ao período idêntico de 2019.

O pessimismo não se dissipou de Setembro para Outubro. O inquérito feito pela CIP em parceria com o laboratório universitário de análise de tendências internacionais de marketing do ISCTE (o Future Cast Lab) começou por medir a temperatura às empresas semanalmente a partir de Abril, quando o país estava em confinamento rigoroso, em Junho passou a fazer inquéritos quinzenais e desde Setembro está a fazer inquirições de mês a mês.

O último questionário foi feito na semana de 7 de Outubro e manteve o padrão de Setembro. Entre as 60% de empresas que dizem esperar uma diminuição do volume de vendas ou de serviços prestados, a diminuição média estimada é de 36%.

Ao mesmo tempo, 12% antevêem um crescimento (com uma subida média de 19%), enquanto 29% acreditam que vão manter o nível de vendas em relação ao quarto trimestre do ano passado. “Estes valores estão em linha com os valores pessimistas do mês anterior”, refere a CIP nos resultados do inquérito mais recente.

Em termos de emprego, 73% das empresas dizem que vão manter os seus trabalhadores até ao final do ano — é essa a “expectativa de evolução percentual de recursos humanos”. Há 17% que antevêem despedimentos ou outras formas de redução do número de trabalhadores, e 10% que prevêem um aumento do número de efectivos.

Na apresentação dos resultados, a CIP refere que a dimensão de empresas que prevêem ter uma quebra no número de trabalhadores é menos significativa do que a previsão de descida nas vendas, “o que significará um esforço das empresas em manter postos de trabalho”.

Os dados indiciam ainda que há agora mais empresas em pleno funcionamento. Entre aquelas que responderam, 86% estavam a funcionar na sua totalidade, ligeiramente acima do que se passava no inquérito de Setembro (86%), 13% estavam parcialmente encerradas e só 1% se encontravam de portas fechadas.

No que toca aos prazos de pagamento aos fornecedores, perto de três quintos das empresas garantem que mantiveram em Setembro os períodos médios que se verificavam no ano anterior, mas houve 19% que revelam ter aumentado os prazos (em média, em mais 42 dias) e só 9% das empresas inquiridas diminuíram os prazos de pagamento (havendo uma redução média de 29 dias).

Estes resultados mostram que “existiu uma deterioração dos prazos de pagamento” para a maioria, um dado que acompanha o impacto negativo que se registou nas vendas e nas prestações de serviço para a maioria das empresas. Para 56%, Setembro foi um mês de quebra face a Setembro de 2019 com uma diminuição média de 38%. Ainda assim, 28% das empresas inquiridas dizem ter mantido o nível de vendas, enquanto 16% indicam ter registado um aumento (em média, de 24%).

Embora em quebra, cerca de dois terços conseguiram que os prazos de pagamento dos seus clientes se mantivessem idênticos aos de há um ano (59%); para 34%, houve um aumento (em média, em 40 dias); para 7%, houve uma diminuição (média de 36 dias).

Outra questão que a CIP procura medir nestes inquéritos regulares às empresas é o sentimento em relação às medidas de apoio públicas lançadas pelo Governo em resposta à covid-19. Neste mês de Outubro — altura em que se discutiam as condições do novo layoff, já era conhecida a extensão das moratórias de crédito para as empresas e famílias, ou já estava anunciada uma nova linha de crédito dirigida a empresas de pequena e média capitalização —, 77% das empresas considera que os programas de apoio “estão aquém (ou muito aquém) do que necessitam”.

Há 57% que consideram que os apoios estão aquém e 20% consideram que estão “muito aquém”, uma percentagem que está na linha dos que consideram que os programas “estão à altura das dificuldades”. Só 1% consideram que os apoios superam as expectativas. “A opinião das empresas face aos programas de apoio ao Estado português mantém-se estável”, refere a apresentação de resultados da CIP.

O número de empresas que pediu financiamento bancário e já o recebeu subiu 12 pontos percentuais no último mês (a percentagem passou de 75% para 87%).

Para um universo de 150 mil empresas, o inquérito usa uma amostra de 558. Entre estas, 43% pertencem ao sector da indústria e energia, 17% são de comércio, 5% da construção e actividade imobiliárias, 25% são de outros serviços (de segmentos não especificados), pertencendo as restantes a empresas de saúde, serviços de informação e comunicação, alojamento e restauração, transportes e armazenagem e agricultura.