Hipnose realizada por não psicólogos: até quando?
Actualmente, existe um reino repleto de hipnoterapeutas que se intitulam, muitas das vezes, de “licenciados em psicologia”, transparecendo a falsa ideia de que são psicólogos. Como é que não existe uma maior regulação?
Actualmente, existe um reino repleto de hipnoterapeutas que se intitulam, muitas das vezes, de “licenciados em psicologia”, transparecendo a falsa ideia de que são psicólogos, já que a Ordem dos Psicólogos Portugueses disponibiliza um directório para o confirmar.
A verdade faz-nos mais fortes
Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.
Actualmente, existe um reino repleto de hipnoterapeutas que se intitulam, muitas das vezes, de “licenciados em psicologia”, transparecendo a falsa ideia de que são psicólogos, já que a Ordem dos Psicólogos Portugueses disponibiliza um directório para o confirmar.
De acordo com o parecer emitido pela Ordem dos Psicólogos Portugueses no Verão de 2014, o que se sabe é que: “A hipnose é uma das técnicas de intervenção das quais a Psicologia se pode socorrer para trabalhar as emoções, conflitos internos e o inconsciente do cliente. (…) Faz parte do perfil de competências profissionais dos psicólogos e dos actos que podem realizar enquanto psicólogos”. Avança ainda que “a prática de prestação de serviços psicológicos que inclui a hipnose, praticada por profissionais de saúde não qualificados, apresenta uma ameaça à saúde pública.”
Sabendo-se da existência deste parecer, e não se tratando de uma questão de “quintas” mas sim de saúde mental, interrogo-me como é que não existe uma maior regulação neste tipo de actividade profissional, em que muitos desses “hipnoterapeutas” apresentam, por exemplo, nos seus slogans promocionais o mote “cura em perturbações de personalidade”, quando se sabe que os distúrbios de personalidade não têm cura, mas podem, sim, ser amenizados, conseguindo-se diminuir o sofrimento do indivíduo através de tratamento psicológico?
Outra questão não menos importante é a duração destes cursos e a (in)justiça inerente. Avaliando a situação, um psicólogo tem que estudar cinco anos (três de licenciatura, mais dois de mestrado) e realizar um estágio profissional de um ano para poder ser membro efectivo da Ordem e, para realizar hipnose adequadamente, deve realizar um curso de pós-graduação. Então como é que não existe um controlo nos cursos de hipnose realizados em 250 horas (ou até menos), que são certificados, sem que não haja uma avaliação de certos pré-requisitos que deveriam de ser obrigatórios?
É extremamente importante reflectir sobre todo este panorama, de modo que todos possam compreender esta questão crucial, fomentar a literacia e avaliar o que, de facto, é melhor para si.