Marcelo e Costa têm conversado sobre regresso a estado de emergência

Nem o Presidente nem o primeiro-ministro querem o regresso do confinamento geral, mas embora admitam tudo fazer para o evitar, mostram que a questão tem estado em cima da mesa.

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Reunião entre Marcelo e Costa em Belém LUSA/RODRIGO ANTUNES

“Trata-se de uma matéria que tem sido apreciada nas conversas com o Presidente da República”. A frase, sobre o possível regresso do país ao estado de emergência, foi proferida por Marcelo Rebelo de Sousa ao Expresso e comprova que o assunto está na agenda do Presidente e do primeiro-ministro.

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“Trata-se de uma matéria que tem sido apreciada nas conversas com o Presidente da República”. A frase, sobre o possível regresso do país ao estado de emergência, foi proferida por Marcelo Rebelo de Sousa ao Expresso e comprova que o assunto está na agenda do Presidente e do primeiro-ministro.

O semanário conta que quando António Costa disse, em Bruxelas, esperar que a situação “não tenha de chegar ao ponto em que o Presidente da República tenha de voltar a declarar o estado de emergência”, o assunto já tinha sido abordado entre ambos, em mais do que uma conversa.

Na realidade, nem um nem outro estão entusiasmados com essa possibilidade - têm-na rejeitado aliás com veemência -, mas o facto de os números estarem numa trajectória ascendente há várias semanas é fonte de preocupação. Na sexta-feira, em Aljustrel, Marcelo Rebelo de Sousa colocou mesmo uma linha vermelha: o dia em que os mortos atingirem várias dezenas por dia. “Isso então seria ultrapassar a linha vermelha”, disse o Presidente.

Marcelo Rebelo de Sousa acrescentou que “ninguém deseja essa situação” e que, para já, é preciso “ver o efeito das novas regras nas próximas semanas”. Contudo, disse: “As pessoas têm de pensar que se isto arranca num galope, se há um agravamento brutal da situação, que não desejamos e esperamos que não aconteça, se isso acontecer, o que tiver de ser decidido será decidido em graus progressivos de intervenção.”

O que o Presidente entende por graus progressivos de intervenção começa no uso de máscara na via pública em zonas de grande cruzamento de pessoas (como ele próprio já faz há vários meses) e termina na declaração do estado de emergência. Pelo meio ficam soluções que podem ser adoptadas como o recolher obrigatório entre determinadas horas da noite em certas regiões ou o encerramento da actividade comercial a partir de uma determinada hora.

O Presidente também já alertou para a possibilidade de ajustar o Natal das famílias, reduzindo os participantes nos convívios. E o próprio primeiro-ministro explicou, na entrevista ao PÚBLICO, que o seu Natal será diferente. “Na minha família também já nos organizámos para nos conseguirmos dividir e estar separadamente uns com os outros. É uma família pequena, é mais fácil”, confessou.

Na mesma ocasião, António Costa clarificou que tudo fará para evitar que tenha de ser imposta no Natal a proibição que foi imposta na Páscoa de as pessoas saírem do concelho. “Bom, se tiver de ser, será, mas não devemos fazer tudo para prevenir isso? Se todos nós cumprirmos as regras, conseguiremos gerir esta pandemia sem necessidade de dar passos dramáticos”, disse.

Tanto Presidente como primeiro-ministro entendem que este ainda é o momento de alterar os comportamentos individuais, mas não descartam a possibilidade de tudo fazer para vencer a pandemia. “Eu disse, no 5 de Outubro, que o que se entender que tem de ser decidido será decidido”, lembrou Marcelo ao Expresso.

António Costa, na entrevista ao PÚBLICO, também reconheceu que vai fazer tudo para evitar medidas dramáticas, apesar de não excluir que a realidade possa vir a impor um novo confinamento. "Se se olhar hoje para a situação, infelizmente, vê-se que ela está muito dispersa no país. Hoje não é possível recorrer a medidas individualizadas, têm de ser medidas de natureza geral: ou são medidas de confinamento geral ou medidas gerais de responsabilização individual. Eu acho que estamos na fase das medidas gerais de responsabilização individual”, disse, assumindo que antes de se avançar no sentido de elevar as restrições, ainda falta cada português fazer a sua parte, obedecendo às regras.