Na estrada do tempo, com as memórias de Julião Sarmento

Com a edição autoral de José Pedro Cortes e André Principe, Café Bissau de Julião Sarmento é um mergulho na experiência de tempos e memórias. Do Verão, das mulheres e dos amigos, da leveza da vida e dos corpos. Olhar de um artista com um sentido apurado de lugar, feito livro de imagens que nos fala de uma vida que foi. Para lá da fotografia.

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Milhares de negativos e slides, de fotografias. Foi o que José Pedro Cortes e André Príncipe encontraram no arquivo de Julião Sarmento e foi desse encontro — uma descoberta — que nasceu um livro, Café Bissau (edições Pierre Von Kleist). Lugar imaginário, cápsula do tempo e de tempos, olhar de artistas, que fazem fotografia, sobre as fotografias de outro artista. As descrições do objecto são múltiplas, não se deixa classificar facilmente. Contém memórias de Julião Sarmento, mas as memórias de José Pedro Cortes e André também por ali pairam. Viaja até ao corpo da obra, mas comunica uma noção precisa do tempo e do espaço. Equilibra-se entre as pequenas histórias e História, a intimidade e a vida pública. Permite-nos identificar certas personagens retratadas, mas conferindo-lhes uma sensualidade e uma leveza que supera o peso morto da identidade. É como se a fotografia de Sarmento conseguisse transcender a vida de Sarmento, para nos falar tão somente de uma vida que foi.