Assaltante de Tancos já entregou material que faltava
São 30 quilos de granadas e munições que estavam enterrados numa zona de pinhal perto de Ansião, local onde o ex-fuzileiro reside.
O líder do assalto a Tancos já entregou à polícia o material que faltava. São 30 quilos de granadas e munições que João Paulino tinha enterrado numa zona de pinhal perto de Ansião, onde reside.
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O líder do assalto a Tancos já entregou à polícia o material que faltava. São 30 quilos de granadas e munições que João Paulino tinha enterrado numa zona de pinhal perto de Ansião, onde reside.
A devolução e entrega do material começou esta sexta-feira de manhã cedo e prolongou-se pelo início da tarde, impedindo o assaltante de estar presente no Campus da Justiça, em Lisboa, na leitura da sentença que o absolveu, num outro processo em que era também arguido, de ter ajudado a vender 55 pistolas Glock furtadas da sede nacional da PSP. Os juízes manifestaram, no entanto, algumas dúvidas sobre o seu envolvimento neste caso: “É possível que tenha estado envolvido, mas também é possível que não.” Na dúvida, manda a lei absolver o réu. Já um cúmplice de João Paulino no assalto de Tancos, António Laranginha, foi sentenciado a cinco anos de cadeia no caso das Glock.
Os magistrados do Campus da Justiça entenderam não haver provas suficientes para condenar o ex-fuzileiro João Paulino, apesar das declarações de uma testemunha crucial no processo de Tancos, Paulo Lemos, também conhecido como “Fechaduras” – que consideraram pouco credíveis.
João Paulino manifestou intenção de devolver o que faltava do material roubado a poucos dias do arranque do julgamento do processo de Tancos, que começa no Tribunal de Santarém no próximo dia 2 de Novembro. Objectivo: conseguir uma pena mais leve. Num despacho assinado na semana passada, o magistrado que irá dirigir o julgamento revela que essa é uma possibilidade real. “O tribunal regista a postura de colaboração com a justiça nesta fase processual - a qual poderá ser ponderada em seu benefício numa eventual futura condenação”, escreveu.
As armas desapareceram dos paióis de Tancos em Junho de 2017, tendo sido levadas, quase cinco meses depois, do terreno da avó onde João Paulino as tinha escondido para um descampado na Chamusca. O ex-dono de um bar em Ansião combinou a devolução do material de guerra com a Polícia Judiciária Militar e a GNR em troca da sua impunidade. E a Judiciária Militar anunciou a recuperação das armas como se tivesse sido uma descoberta sua, tendo sempre negado qualquer pacto deste género com o líder do assalto. Já o Ministério Público entende que o próprio ministro da Defesa da altura foi posto a par de tudo com antecedência, razão pela qual Azeredo Lopes se vai sentar também no banco dos réus a partir do próximo dia 2 de Novembro, acusado de denegação de justiça, prevaricação, abuso de poder e favorecimento.