Israel congratula-se com o sucesso do confinamento para travar covid-19
Estratégia debatida com muitas reservas, já que foi a reabertura demasiado rápida do primeiro confinamento que levou ao descontrolo da transmissão.
Israel vai gradualmente terminar o seu segundo confinamento — foi o primeiro país a tomar esta medida uma segunda vez — depois de ter conseguido baixar o número de novas infecções para menos de 2000 casos por dia e a taxa de contágio (R0) a 0,8 — o valor de um significa que em média cada infectado transmite a doença a uma pessoa —, a menor dos últimos três meses.
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Israel vai gradualmente terminar o seu segundo confinamento — foi o primeiro país a tomar esta medida uma segunda vez — depois de ter conseguido baixar o número de novas infecções para menos de 2000 casos por dia e a taxa de contágio (R0) a 0,8 — o valor de um significa que em média cada infectado transmite a doença a uma pessoa —, a menor dos últimos três meses.
O primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu, declarou que o confinamento foi um sucesso, sublinhando que não foi fácil decidir decretá-lo.
A medida tinha sido muito criticada por não ter sido aplicada apenas às zonas de comunidades em que as infecções se estavam a transmitir mais: os ultra-ortodoxos, por um lado, e os árabes israelitas, por outro.
Muitos apontaram também o seu enorme efeito económico. Ainda esta semana, donos de pequenas lojas em Telavive incendiaram a mercadoria em protesto contra o confinamento; e o dono de uma loja de sapatos deixou todo o conteúdo na rua para as pessoas levarem, depois de ter aberto falência e encerrado o estabelecimento.
O país entrou em confinamento a 13 de Setembro e dez dias depois acontecia o pico de novos casos: 11.300. A 14 de Outubro o número de novas infecções por dia baixou para menos de 2000 e manteve-se assim.
Na discussão da reabertura, muitos temem que aconteça o que aconteceu na primeira vaga de infecções: o primeiro confinamento resultou e o país estava numa situação invejável, mas reabriu demasiado depressa, com poucas precauções e a situação ficou fora de controlo.
Para já, acaba a limitação de deslocação para mais de um quilómetro de casa e passam a ser permitidas visitas em casa, com certos limites (10 no interior, 20 no exterior). Os restaurantes podem servir refeições para fora, os negócios podem reabrir desde que não recebam clientes presencialmente, volta a ser possível ir à praia e a parques nacionais e também rezar no Muro Ocidental e no Monte do Templo, com restrições. O aeroporto Ben Gurion vai voltar a funcionar para alguns voos.
Vão ainda reabrir as creches no domingo, o primeiro dia útil da semana no país, e o ministério da Saúde aconselhou os professores e auxiliares da pré-primária a serem testados antes de recomeçar e com uso obrigatório de máscara (apenas para os adultos).
A decisão baseou-se no facto de não ter havido casos de infecção em 94% das creches (comparado com 53% das escolas básicas sem casos, assim como 45% das secundárias, segundo números do Ministério da Educação divulgados no início desta semana).
As escolas religiosas (yeshivas) deverão recomeçar na terça-feira se o número de infecções não aumentar. As regras na comunidade ultra-ortodoxa têm sido difíceis de cumprir, mesmo durante o confinamento houve casos de sinagogas cheias.
A reabertura já foi alvo de críticas. O antigo director-geral do Ministério da Saúde Gabi Barabash comentou, citado pelo jornal Times of Israel, que o limite de 2000 infecções diárias era demasiado alto para reabrir, porque ainda é muito difícil de controlar, argumentou. “É muito perigoso reabrir agora”, sentenciou.