Teletrabalho: da postura às pausas, cinco cuidados a ter em conta
Com a pandemia de covid-19, o teletrabalho passou de excepção a uma forma de trabalho comum para milhares de portugueses.
Em Março, com a identificação dos primeiros casos de infecção pelo novo coronavírus em Portugal, a transição para o teletrabalho teve de ser feita rapidamente. De acordo com dados do Instituto Nacional de Estatística, durante o segundo trimestre de 2020, quase um quarto da população empregada no país (1.094.400 pessoas) esteve em teletrabalho.
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Em Março, com a identificação dos primeiros casos de infecção pelo novo coronavírus em Portugal, a transição para o teletrabalho teve de ser feita rapidamente. De acordo com dados do Instituto Nacional de Estatística, durante o segundo trimestre de 2020, quase um quarto da população empregada no país (1.094.400 pessoas) esteve em teletrabalho.
Ao longo dos últimos meses, trabalhar a partir de casa deixou de ser novidade. No entanto, há cuidados a ter em conta para preservar a saúde, tanto a nível físico como mental. “O teletrabalho veio para ficar”, declara Jorge Barroso Dias, presidente da direcção da Sociedade Portuguesa da Medicina do Trabalho (SPMT).
Com o surgimento da covid-19 em Portugal, “houve uma forçada mas eficaz alteração da visão que se tinha do teletrabalho”, que anteriormente “parecia surgir como se fosse uma excepção para algumas profissões”, explica o também director clínico de saúde ocupacional da Câmara Municipal de Lisboa.
De um momento para o outro, o teletrabalho passou a ser uma forma de trabalhar que as empresas “abraçaram” e que “veio para ficar, com as suas vantagens e desvantagens”, considera o especialista.
A não-separação entre a casa e o trabalho pode trazer vantagens aos trabalhadores que precisam de apoiar a família, diz. Por outro lado, há uma “contrapartida, que é a disponibilidade, a concentração dos trabalhadores e os tempos de trabalho não serem regulados”. Por isso, defende que é preciso “maior disciplina”, tanto das empresas como dos trabalhadores, para que o teletrabalho “possa manter-se com as características, benefícios e possibilidades que pode dar”.
Como prevenir os riscos de trabalhar em casa?
Recurso à videoconferência
É uma das principais ferramentas a adoptar neste contexto, de forma a “minimizar a sensação de isolamento que o teletrabalho pode dar”. Essa sensação pode também associar-se a “uma monotonia do trabalho e uma não-motivação”, uma vez que o trabalhador perde o contacto que habitualmente tinha com várias pessoas quando se deslocava até ao espaço de trabalho físico.
Actividade física diária
É fundamental para “manter o corpo estável, mas também para manter a mente estável, o equilíbrio psicológico”, e quem está em teletrabalho não o deve esquecer. Correr, ir ao parque dar um passeio ou voltar ao ginásio são algumas das opções.
Neste aspecto, o teletrabalho poderá ser uma “vantagem” por “permitir maior liberdade de horário”, algo que os trabalhadores costumam valorizar, pela “possibilidade de organizarem os seus próprios tempos”.
Cuidado com as posturas
É preciso ter “muito cuidado em relação às posturas” e à forma como se trabalha em casa. Barroso Dias refere que não se deve trabalhar ao computador sentado no sofá. Trabalhar em casa “deve pressupor a preparação de um espaço” com condições físicas e de concentração para que seja um “trabalho saudável”.
A Sociedade Portuguesa de Patologia da Coluna Vertebral (SPPCV) indica que, quando se está sentado, a coluna deve estar direita e encostada às costas da cadeira. Os pés devem estar pousados no chão e os joelhos flectidos num ângulo de 90º.
Equipamentos adequados
São necessários: “uma boa cadeira, uma mesa à posição correcta, com espaço suficiente, e um portátil ou computador bem posicionado”. No caso do portátil, Barroso Dias alerta que este “obriga a uma flexão do pescoço demasiado baixa”. Para que a posição seja adequada, o monitor deve estar ao nível dos olhos e à distância do comprimento do braço, de acordo com as recomendações da SPPCV.
Formação dos trabalhadores
Se no início da pandemia, a transição para o teletrabalho foi feita “de uma forma abrupta” e “talvez menos preparada”, agora é possível “corrigir as falhas e as necessidades dos trabalhadores com a formação devida”. Para o especialista, há “oportunidade de melhorar” a formação ao nível das plataformas de comunicação e outras aplicações de trabalho e respectivas potencialidades.