Movimento #MeToo faz três anos e fundadora cria plataforma de combate à violência sexual
No entanto, a violência doméstica e os abusos sexuais têm vindo a aumentar nalguns países europeus, em consequência da “pandemia sombria” defende as Nações Unidas.
A fundadora do #MeToo assinalou o terceiro aniversário do movimento nesta quinta-feira ao lançar uma plataforma online com o objectivo de combater a violência sexual, mas também com a expectativa de expandir o alcance da campanha contra o assédio e a agressão.
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A fundadora do #MeToo assinalou o terceiro aniversário do movimento nesta quinta-feira ao lançar uma plataforma online com o objectivo de combater a violência sexual, mas também com a expectativa de expandir o alcance da campanha contra o assédio e a agressão.
A plataforma digital, que se chama Act Too, funciona como um motor de pesquisa e oferece aos utilizadores opções personalizadas para doar, participar ou envolver-se nas iniciativas para acabar com a violência sexual, explica a activista Tarana Burke, criadora da hashtag #MeToo.
O movimento que ganhou força há três anos, encorajou as mulheres a relatar as suas experiências de abuso verbal e físico, assim como actos de violação, depois da forte acusação de má conduta sexual contra o produtor de Hollywood, Harvey Weinstein. Tornou-se, assim, num assunto mediático junto da comunicação social que tornou públicos mais casos polémicos. Depois do escândalo, ao que tudo indica, os relatos de assédio sexual diminuíram no local de trabalho.
A nova plataforma visa proporcionar o fácil acesso às ferramentas, recursos e oportunidades que as vítimas podem utilizar “para se juntarem ao activismo”, continua Burke. “A realidade é que todos nós podíamos sair e protestar todos os dias. Mas se não houver uma mudança, vamos continuar a viver numa sociedade que se baseia na cultura da violência”, defende a fundadora do movimento #MeToo.
De acordo com um estudo publicado na revista científica Plos One, a proporção das mulheres que declararam ter sido sexualmente coagidas caiu para os 16% em 2018 em relação aos 25% de casos de abuso registados em 2016. Contudo, e numa situação pandémica, os defensores dos direitos das mulheres advertem sobre os novos casos de violência que podem surgir, em consequência do isolamento das mulheres que estão em casa com companheiros abusivos.
Também as Nações Unidas já se pronunciaram e identificaram o tema como uma “pandemia sombria”, depois das várias notícias que relatam os abusos domésticos. Em França, as situações de abuso ultrapassaram os 30% nas primeiras duas semanas de confinamento. Já na Colômbia, o recurso às chamadas telefónicas por parte de vítimas de violência doméstica, aumentaram quase 130% nos primeiros dias de quarentena.
O produtor Harvey Weinstein foi condenado a 23 anos de prisão por agressão sexual, em Março, num caso que foi amplamente visto como uma vitória para o movimento #MeToo.