Remix Ensemble. 20 anos a dar-nos boa música
O agrupamento de música contemporânea da Casa da Música, Remix Ensemble, está de parabéns. Celebra duas décadas de grandes feitos, com um conjunto de concertos a não perder. Já marcou na agenda? Dizemos-lhe o que não pode perder.
Foi há duas décadas que nasceu o Remix Ensemble e são mais do que muitos os motivos para o celebrar. É vastíssimo o currículo deste vanguardista agrupamento de música contemporânea da Casa da Música, no Porto: em 20 anos, somam-se quase cem obras apresentadas em estreia absoluta, actuações em múltiplos palcos de grande prestígio e ainda 17 discos editados.
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Foi há duas décadas que nasceu o Remix Ensemble e são mais do que muitos os motivos para o celebrar. É vastíssimo o currículo deste vanguardista agrupamento de música contemporânea da Casa da Música, no Porto: em 20 anos, somam-se quase cem obras apresentadas em estreia absoluta, actuações em múltiplos palcos de grande prestígio e ainda 17 discos editados.
A relevância internacional constata-se no tipo de colaborações realizadas, mas também nas capitais europeias em que a orquestra já teve a oportunidade de actuar — desde Valência, a Madrid, Estrasburgo, Paris, Berlim, Colónia, Zurique, Hamburgo, Donaueschingen, Roterdão, Amesterdão ou Luxemburgo. Neste longo currículo, não podem também ficar de fora as participações em festivais, como o Wiener Festwochen e Wien Modern, em Viena ou o Printemps des Arts, em Monte Carlo.
É difícil distinguir algumas obras apresentadas em estreia mundial pela conceituada orquestra. É que são várias e todas relevantes, desde a que foi encomenda pelo consagrado compositor austríaco Georg Friedrich Haas ou à que foi criada a pedido do alemão Wolfgang Rihm. Entre muitos outros, há ainda a interpretação dos trabalhos do francês Pascal Dusapin, do grego Georges e da portuguesa Ângela da Ponte.
Falta falar da sua relação com o género teatral. O Remix Ensemble, fez as estreias mundiais de “Giordano Bruno”, ópera do organista e compositor italiano Francesco Filidei, da nova produção da ópera Quartet de Luca Francesconi, que contou com a encenação de Nuno Carinhas — figura do teatro que também esteve envolvida no projecto cénico “A Viagem de Inverno de Schubbert”, no qual o agrupamento contemporâneo da Casa da Música também brilhou.
Tendo trabalhado junto de dezenas maestros de todo o mundo (desde Stefan Asbury a Paul Hillier), é impossível falar do Remix Ensemble sem referir Peter Rundel, maestro titular deste agrupamento desde 2005, responsável pela sua direcção musical.
Com um percurso que se iniciou ao violino, é actualmente um dos maestros mais requisitados pelas mais importantes orquestras europeias. Natural de Friedrichshafen, na Alemanha, tem-se dedicado profundamente ao desenvolvimento de jovens talentos musicais, tendo fundado a Academia de Verão Remix Ensemble, no Porto.
Também o seu portfólio é extenso, recheado de nomes e de locais emblemáticos. Além de numerosos prémios pelas gravações de música do século XX (incluindo o notável e exigente Preis der Deutschen Schallplattenkritik), soma colaborações frequentes com a orquestra austríaca Klangforum Wien, com o grupo musical de Zurique, Collegium Novum Zürich, com a parisiense intercontemporain ou com a holandesa Asko Schönberg.
O seu nome — marcado pela criatividade interpretativa e pela abordagem profunda e complexa a partituras — tem chegado cada vez mais longe: recentemente, colaborou com as Filarmónicas de Helsínquia, a Rádio França e do Luxemburgo, com a Orquestra Nacional de Lille, com a Orquestra do Teatro de Ópera de Roma e as Sinfónicas de Viena, tendo, na Ásia, já dirigido a Metropolitana de Tóquio e a Sinfónica de Taipé.
Quando e como comemorar Remix Ensemble?
E ainda falta o que se avizinha. Para celebrar o 20.º aniversário, além da digressão à Elbphilharmonie, de Hamburgo, e da nova banda sonora para um filme clássico do cinema português, composta por Igor C. Silva, o Remix Ensemble é responsável, em conjunto com o Coro Casa da Música, pela estreia mundial do novo “Requiem” de Francesco Filidei, a 20 de Outubro, na Sala Suggia. O espectáculo inclui três momentos chave: música revolucionária, ligada ao movimento espectralista — dando primazia à beleza das sonoridades e ao culto do timbre —, o concerto de Magnus Lindberg; um dos compositores contemporâneos mais interpretados pelas principais orquestras mundiais; e ainda o talento de Pierre-Laurent Aimard que, em “L’Origine du Monde de Dufourt”, vai transformar o ensemble numa caixa-de-ressonância do piano.
Como forma de inspiração para o fim-de-semana e abrir o apetite para os concertos sugerimos-lhe uma playlist do Remix Ensemble.