Um herói romântico a combater gigantes reais

O Quichotte de Rushdie é delirante, mas falta-lhe a dimensão do Quixote de Cervantes.

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Miguel Manso

Quichotte é o 12º romance de Rushdie e põe fim a uma espécie de tríptico através do qual o escritor interpelou o presente de forma satírica. Começou em 2015, com Dois Anos, Oito Meses e Vinte e Oito Noites, e em 2017 continuava com A Casa Golden. Desta vez, aprofundou o absurdo e torna-o uma lente para chegar a algum entendimento sobre o real: “A vida tinha-se transformado numa série de fotografias evanescentes, postadas num dia para desaparecerem no dia seguinte. A pessoa já não tinha crónica: carácter, narrativa, história, tudo isso tinha morrido. Só a caricatura plana do presente permanecia, e era por ela que se era julgado. Ter vivido o suficiente para assistir à substituição da profundidade da cultura do mundo que escolhera pelos seus aspectos exteriores era uma tristeza”.

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Quichotte é o 12º romance de Rushdie e põe fim a uma espécie de tríptico através do qual o escritor interpelou o presente de forma satírica. Começou em 2015, com Dois Anos, Oito Meses e Vinte e Oito Noites, e em 2017 continuava com A Casa Golden. Desta vez, aprofundou o absurdo e torna-o uma lente para chegar a algum entendimento sobre o real: “A vida tinha-se transformado numa série de fotografias evanescentes, postadas num dia para desaparecerem no dia seguinte. A pessoa já não tinha crónica: carácter, narrativa, história, tudo isso tinha morrido. Só a caricatura plana do presente permanecia, e era por ela que se era julgado. Ter vivido o suficiente para assistir à substituição da profundidade da cultura do mundo que escolhera pelos seus aspectos exteriores era uma tristeza”.