Pinto da Costa quer deixar um FC Porto sólido e unido
Presidente dos “azuis e brancos” sublinhou, em entrevista à TVI, o desejo de construir a cidade desportiva do clube antes de se retirar da liderança.
Pinto da Costa expressou nesta quinta-feira o desejo de poder construir a cidade desportiva do clube antes de se retirar do dirigismo desportivo.
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Pinto da Costa expressou nesta quinta-feira o desejo de poder construir a cidade desportiva do clube antes de se retirar do dirigismo desportivo.
Em entrevista à TVI, o presidente do FC Porto garante não estar obcecado com nenhum objectivo para além de deixar o clube “sólido e unido no dia em que sair”, apesar de não saber, neste momento, dizer se será no final deste 15.º mandato, quando somará 42 anos à frente dos “dragões”, assumindo apenas que partirá quando “sentir que não sou necessário”.
“Nunca penso no que falta fazer, porque há sempre coisas para fazer. Não estou preocupado com isso”, disse, admitindo apenas que “gostava de construir a cidade desportiva”.
Promessa de cumprir com fair play financeiro
Dentro do espírito da estabilidade financeira, Pinto da Costa garante que a muito curto prazo o FC Porto deixará de estar sob o radar da UEFA em termos de incumprimento de fair play financeiro.
Nesse capítulo, sublinha o facto de haver parâmetros que empurram as contas para o vermelho: “Não tenho dúvidas de que vamos alcançar a estabilidade. Falência técnica? Quando somos obrigados a apresentar as contas de acordo com parâmetros em que, por exemplo, o plantel é subvalorizado, torna-se difícil contrariar esse tipo de contas”.
Pinto da Costa tem visado o governo de António Costa no que diz respeito às medidas adoptadas, em contexto de pandemia, para o futebol português. A decisão de os jogos continuarem sem público, ao contrário do que se verifica com eventos como as touradas, ou a política fiscal aplicada pelo Governo mereceram críticas públicas que o presidente do FC Porto diz visarem o político e não o cidadão António Costa.
“Não critico o primeiro-ministro, António Costa. Reconheço que tem feito um grande esforço. No que é a política do futebol, discordo em absoluto. O FC Porto pagou quase 20 milhões em impostos desde o início da pandemia. E não é de perdão fiscal que estamos à espera. Em Itália baixaram mais de 30% a carga fiscal. O FC Porto tem 572 funcionários que dependem do emprego para sobreviverem, para não falar nos postos de trabalho indirectos”, refere, voltando ao tema António Costa, relativamente à comissão de honra de Luís Filipe Vieira, para defender que o primeiro-ministro “não pode surgir associado à candidatura de alguém que deve milhões a um banco que está a ir aos bolsos dos portugueses”, ainda que como cidadão “tenha o direito de ser sócio e accionista do Benfica ou de qualquer outro clube”.
Sem opinião sobre Rui Pinto
Pinto da Costa foi confrontado com o tema Rui Pinto, pirata-informático/denunciante que esteve na origem da divulgação de matérias com profundo impacto no futebol.
“Não tenho opinião sobre o Rui Pinto”, começou por dizer, alegando não estar suficientemente informado para se pronunciar. Ainda assim, deixa um reparo: “Há uma coisa que não percebo. Não estou dentro do assunto e não sei se é herói ou criminoso. Muita gente com responsabilidades no país considera-o um herói. Mas se for considerado herói, é justo que o nosso funcionário que foi condenado por divulgar os emails também seja… duplamente”.
Alex Telles assumiu que queria sair
No plano desportivo e no que diz respeito às transferências de Alex Telles, para o Manchester United, e de Fábio Silva, para o Wolverhampton, Pinto da Costa fez questão de vincar a posição do clube relativamente ao defesa brasileiro:
“Queríamos que continuasse e estávamos dispostos a fazer um esforço financeiro. Mas, uma semana antes do fecho do mercado de transferências, o jogador pediu-me para sair e assumiu publicamente que pretendia jogar em Inglaterra. E quando assim é, não há muito a fazer”, admite, mesmo que não ficasse convencido com os argumentos do jogador, nomeadamente com a questão da convocatória para a selecção brasileira.
Alex Telles alegou que o seleccionador brasileiro privilegia três ou quatro campeonatos, o que Pinto da Costa rebate até porque Telles já estava entre os eleitos, apesar de actuar em Portugal.
Já sobre Fábio Silva, transferido por 40 milhões de euros, sendo que 10 milhões foram destinados a comissões, Pinto da Costa classificou-o de “um bom negócio”, pois “tinha uma cláusula de dez milhões e saiu por quarenta”, sublinha, considerando que “o empresário foi importante” neste processo.
As vendas, numa altura de crise económica a nível mundial, sem receitas de bilheteira, eram inevitáveis. E Pinto da Costa usou Jorge Jesus e a saída de Rúben Dias para o Manchester City para contextualizar.
“Quando se é afastado da Liga dos Campeões, ou suportamos o prejuízo ou vendemos activos, como fez o Benfica… Aliás, foi o próprio treinador a assumir que perdeu o Rúben Dias por não ir à Champions”.