Diogo Jota, o príncipe herdeiro

Substituto cada vez mais “natural” de Cristiano Ronaldo na selecção nacional - quando não há capitão -, justifica vaticínio de quem o “descobriu” e elogios de Klopp.

Foto
Diogo Jota rendeu Cristiano Ronaldo e bisou pela selecção nacional frente à Suécia LUSA/JOSE SENA GOULAO

Diogo Jota voltou a preencher com absoluto brilhantismo a lacuna deixada pela ausência de Cristiano Ronaldo na selecção nacional. Foi assim com a Croácia e agora frente à Suécia. Um “legado” tremendamente exigente, desafio a que o agora menino bonito de Jürgen Klopp respondeu com uma assistência e dois golos, enchendo o campo antes de assumir-se como líder dos goleadores da Liga (A) das Nações, a par do “monstro" Lukaku… ambos com 3 golos, tendo o belga marcado dois de penálti.

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

Diogo Jota voltou a preencher com absoluto brilhantismo a lacuna deixada pela ausência de Cristiano Ronaldo na selecção nacional. Foi assim com a Croácia e agora frente à Suécia. Um “legado” tremendamente exigente, desafio a que o agora menino bonito de Jürgen Klopp respondeu com uma assistência e dois golos, enchendo o campo antes de assumir-se como líder dos goleadores da Liga (A) das Nações, a par do “monstro" Lukaku… ambos com 3 golos, tendo o belga marcado dois de penálti.

O percurso de Diogo Jota foi já profusamente publicitado, desde a transferência para Madrid até ao recente salto para Liverpool, com passagens por FC Porto, por empréstimo do Atlético, e Wolverhampton, onde não deixou de reforçar o sentimento de Carlos Barbosa, responsável pela sua ida para Paços de Ferreira.

O antigo presidente dos pacenses afirmou, muito antes de Diogo Jota começar a estabelecer-se na selecção A, estarmos perante um dos “futuros melhores do mundo e da equipa das quinas”, elencando como argumento de peso o facto de o menino que “descobriu” nos sub-17 do Gondomar (num jogo da formação onde Diogo “partiu” a loiça toda), há uns bons sete anos, aliar a um futebol inebriante, qualidades de trabalho que elevam os grandes jogadores ao limiar dos verdadeiros eleitos.

Carlos Barbosa estava seguro do que afirmava e o mais curioso é que, salvaguardando as devidas proporções, as origens e o foco de Diogo Jota tem qualquer coisa da ética de trabalho de Cristiano Ronaldo. Uma espécie de religião que apura os sentidos e virtudes de quem nasceu com um dom e não está disposto a abdicar dessa bênção.

Talvez seja apenas uma feliz coincidência esta espécie de passagem de testemunho, mesmo que em fase embrionária. Mas Diogo Jota parece estar, definitivamente, no rumo certo. O valor pago pelo Liverpool (na ordem dos 50 milhões de euros), para acrescentar um diamante à sociedade Firmino, Salah e Mané, é eloquente.

A consciência de que é preciso trabalhar e dar o máximo é inata e com Diogo Jota pode ser corroborada por episódios como alguns dos vividos no Paços de Ferreira, onde “cresceu” numa casa do então presidente transformada em “academia”, que albergava jovens da formação oriundos de paragens mais ou menos distantes.

Já com estatuto de sénior, depois de ter sido “promovido” por Paulo Fonseca, Diogo Jota optou por continuar a viver sob o tecto dos mais novos, assumindo um papel de reitor, mostrando o caminho do sucesso aos companheiros.

“Era extremamente focado e rigoroso. Nem era preciso ninguém para controlar a casa porque ele próprio se encarregava de impor essa ordem, com total naturalidade, estabelecendo e fazendo cumprir horários e normas que todos aceitavam”, relata um dirigente que acompanhou todo o processo de formação e explosão de Jota.

E essa é uma das qualidades diferenciadoras. Não basta saber sair a jogar com a bola colada ao pé e fintar meia equipa adversária. Chegar ao Dragão e estrear-se com um hat-trick frente ao Nacional da Madeira, assinando 9 golos nessa temporada de empréstimo, só está ao alcance de uma pequena elite. Com isso, Diogo Jota justificava a aposta do Atlético e tornava a continuidade no FC Porto num desafio financeiro para o qual os portistas não estavam preparados.

Isto, depois de ter sido o jogador mais utilizado no Paços de Ferreira de Jorge Simão e vice-artilheiro da equipa, com 14 golos, na segunda época completa de “castor” ao peito, o que o projectou para o tal voo internacional, pelo qual o Atlético de Simeone desembolsou sete milhões de euros. Os espanhóis acabariam por abrir mão dos cinco anos de vínculo com Jota, que Nuno Espírito Santo, depois de o ter orientado no FC Porto, aproveitou para reforçar a armada lusa dos “wolves”.

O resto é uma história que os portugueses e o mundo acabarão por assimilar sem grande dificuldade.