Grécia: 13 anos de prisão para líder do partido neonazi Aurora Dourada

O “pequeno Führer” grego e outros antigos líderes do partido neonazi foram condenados por liderarem uma organização criminosa, que planeava ataques contra refugiados e migrantes.

Foto
Magda Fyssa, a mãe do activista assassinado Pavlos Kyssas, na sessão da leitura das sentenças Reuters/ALKIS KONSTANTINIDIS

Os dirigentes do partido neonazi Aurora Dourada, que ganhou força com a crise económica em 2012 e chegou a ser o terceiro maior partido numa fragmentada paisagem política grega, ouviram esta quarta-feira as suas sentenças, depois de terem sido condenados na semana passada por dirigirem uma organização criminosa.

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

Os dirigentes do partido neonazi Aurora Dourada, que ganhou força com a crise económica em 2012 e chegou a ser o terceiro maior partido numa fragmentada paisagem política grega, ouviram esta quarta-feira as suas sentenças, depois de terem sido condenados na semana passada por dirigirem uma organização criminosa.

O líder Nikos Michaloliakos, conhecido como o “pequeno Führer, foi condenado a 13 anos de prisão, assim como outros cinco deputados e dirigentes do partido.

Na semana passada, o tribunal deu como provadas as acusações de que lideravam uma organização criminosa, combinando ataques contra refugiados e migrantes nas ruas e praças de Atenas e do Pireu, chegando a matar, primeiro um jovem iraquiano e de seguida um activista contra o racismo, o rapper Pavlos Fyssas, em 2013.

O assassino de Fyssas foi condenado a prisão perpétua pelo homicídio e mais 14 anos por pertencer a uma organização criminosa e outros crimes. Foi a morte de Fyssas que levou à investigação policial ao partido em que foram encontradas armas em casa dos seus responsáveis, assim como parafernália de objectos como bandeiras nazis.

O partido ainda conseguiu manter-se em terceiro lugar nas eleições seguintes, em 2015 (reconhecendo “responsabilidade política” pelo crime, embora não “criminal”, como disse na altura Michaloliakos), mas o processo, que contou ainda com testemunhos de arrependidos, hoje sob o regime de protecção de testemunhas, levou a falta de verbas e lutas internas, e nas últimas eleições já não conseguiu eleger deputados.

Onze outros acusados foram condenados a penas de entre cinco e sete anos de prisão. 

Uma das figuras mais conhecidas do partido, o antigo porta-voz Ilias Kasidiaris, que saiu para fundar outro partido, foi também um dos condenados que recebeu pena de 13 anos, e viu o seu partido ilegalizado. Kasidiaris ganhou visibilidade por, num debate televisivo em 2012, ter dado uma estalada a uma deputada e atirado um copo de água para cima de outra.

A investigadora Daphne Halikiopoulou, da Universidade de Reading (Reino Unido), especialista no partido, congratulou-se no dia da condenação com o veredicto que considerou os responsáveis culpados, mas disse que este era apenas um primeiro passo.

“Temos agora de parar para pensar, como país, por que é que elegemos esta organização criminosa para o nosso parlamento”, comentou Halikiopoulou à estação de televisão Al-Jazeera. “Há razões que levam ao apoio a este tipo de ideias, e pelas quais elas se espalham. A não ser que lidemos com elas, obviamente vai haver novas Auroras Douradas na próxima crise”, declarou.