Com o cinema de sala em crise, Disney anuncia que a sua prioridade passou a ser o streaming
O CEO do grupo, Bob Chapek, garante que a reestruturação não é uma resposta à pandemia.
De cada vez que se apresenta ao mundo um novo serviço de streaming, que se divulgam os números da indústria do audiovisual ou que se anunciam os filmes a concurso num festival internacional multiplicam-se os artigos nos jornais, revistas e sites especializados a reflectir sobre o fim cada vez mais próximo do cinema em sala tal como até aqui o conhecemos.
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De cada vez que se apresenta ao mundo um novo serviço de streaming, que se divulgam os números da indústria do audiovisual ou que se anunciam os filmes a concurso num festival internacional multiplicam-se os artigos nos jornais, revistas e sites especializados a reflectir sobre o fim cada vez mais próximo do cinema em sala tal como até aqui o conhecemos.
Esta terça-feira, ao anunciar mais uma reestruturação profunda, a Disney, um dos protagonistas mais importantes no negócio do cinema-entretenimento, voltou a contribuir para o debate ao confirmar que, a partir de agora, o seu “foco principal” será o streaming, por oposição às estreias em sala.
A notícia, que está a ser divulgada por vários meios de comunicação, e em maior detalhe pelo CNBC, o canal de negócios da norte-americana NBC, dá conta de que, para melhorar a sua resposta no domínio do serviço directo ao consumidor (conteúdos digitais à la carte), a Disney se prepara para centralizar numa só empresa as vendas de publicidade, a distribuição de conteúdos e o serviço Disney+, que desde 14 de Setembro está também disponível em Portugal.
O anúncio agitou a bolsa, com as acções do grupo a serem intensamente transaccionadas e a registarem uma subida de quase 5%.
Esta nova estratégia do grupo presidido por Bob Chapek está a ser lida como uma resposta directa às quebras brutais que a pandemia de covid-19 impôs ao circuito da distribuição de conteúdos em sala, já que, para minimizar os riscos de virem a contrair o novo coronavírus, os espectadores têm evitado frequentar os cinemas, optando por usar as plataformas e serviços que têm à disposição online.
O CEO da Disney, porém, rejeita esta leitura: “Não diria que se trata de uma resposta à covid-19. Diria que a covid-19 acelerou o ritmo a que fizemos esta transição, que ia acontecer de qualquer maneira”, disse em entrevista ao CNBC.
Em Agosto a Disney tinha já 100 milhões de subscritores pagos nos seus serviços de streaming, mais de metade dos quais clientes do Disney +.
Com o negócio do cinema cada vez mais dependente do streaming e a frequência das salas em todo o mundo ainda dramaticamente afectada pela pandemia, a Disney viu-se obrigada a mexer no seu calendário de estreias. A megaprodução da Marvel Black Widow foi adiada e Soul – Uma Aventura com Alma, o muito aguardado filme da Pixar, não vai estrear-se em sala – chega ao Disney+ a 25 de Dezembro –, opção que já está a ser contestada.
“Dado o enorme êxito do Disney+ e os nossos planos para acelerar a chegada dos produtos ‘a pedido’ ao consumidor, estamos a reformular a estratégia da nossa empresa para garantir um crescimento efectivo”, explicou Chapek num comunicado citado pela agência de notícias Efe. “Gerir a criação e, por outro lado, a distribuição, vai permitir que sejamos mais ágeis na hora de criar os conteúdos que os nossos consumidores querem, e no formato em que preferem consumi-los.”