Bolsonaro diz ter acabado com a Lava-Jato por não haver corrupção no Governo brasileiro
“É um orgulho, é uma satisfação que eu tenho, dizer a essa imprensa maravilhosa que eu não quero acabar com a Lava-Jato. Eu acabei com a Lava-Jato porque não tem mais corrupção no Governo”, afirmou o Presidente brasileiro. Sérgio Moro pediu demissão do executivo em Abril, após acusar Bolsonaro de tentar interferir na autonomia da Polícia Federal, situação que é agora investigada pelo próprio STF.
O Presidente do Brasil afirmou, na quarta-feira, que acabou com a operação Lava-Jato por já não existir corrupção no Governo para ser investigada.
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O Presidente do Brasil afirmou, na quarta-feira, que acabou com a operação Lava-Jato por já não existir corrupção no Governo para ser investigada.
“É um orgulho, é uma satisfação que eu tenho, dizer a essa imprensa maravilhosa que eu não quero acabar com a Lava-Jato. Eu acabei com a Lava Jato porque não tem mais corrupção no Governo. Eu sei que isso não é virtude, é obrigação”, afirmou Jair Bolsonaro, numa cerimónia sobre medidas para a aviação civil, realizada no Palácio do Planalto, em Brasília.
“Eu sei que isso não é virtude, é obrigação. Nós fazemos um Governo de peito aberto. Quando eu indico qualquer pessoa para qualquer local, eu sei que é uma boa pessoa, tendo em vista a quantidade de críticas que ela recebe em grande parte dos media”, acrescentou o chefe de Estado brasileiro, cuja gestão tem sido marcada por ataques à imprensa.
As declarações de Jair Bolsonaro surgiram após ser criticado por tomar decisões que alegadamente vão contra os defensores da Lava-Jato, como a nomeação para o Supremo Tribunal Federal (STF) de Kassio Nunes, juiz que supostamente apoiará os magistrados que habitualmente impõem derrotas àquela que é a maior operação anticorrupção do Brasil.
Durante a campanha eleitoral, em 2018, Bolsonaro teceu vários elogios à Lava-Jato e nomeou Sergio Moro, reconhecido internacionalmente por actuar como juiz na operação, como ministro da Justiça. Contudo, Moro pediu demissão do executivo em Abril último, após acusar Bolsonaro de tentar interferir na autonomia da Polícia Federal, situação que é agora investigada pelo próprio STF.
As declarações de Bolsonaro surgem ainda num momento em que se debate o possível fim dos grupos de trabalho da Lava-Jato, através de um projecto de unificação de combate à corrupção no país, que promete ser neutro e livre de ideologias. A conduta da Lava-Jato já foi colocada em causa várias vezes, especialmente desde Junho do ano passado, num escândalo conhecido como “Vaza Jato”.
Na ocasião, o portal The Intercept Brasil e outros meios da comunicação social começaram a divulgar reportagens baseadas em informações obtidas de uma fonte não identificada, de acordo com as quais o ex-ministro da Justiça Sergio Moro terá orientado os procuradores, indicado linhas de investigação e adiantado decisões quando, na altura, era o magistrado responsável por analisar os processos do caso em primeira instância.
Lançada em 2014, a operação Lava-Jato trouxe a público um enorme esquema de corrupção de empresas públicas, como a Petrobras, implicando dezenas de altos responsáveis políticos e económicos. Muitos deles foram detidos e condenados, como o antigo Presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva, que se encontra actualmente em liberdade condicional.