Tribunal avalia acordo confidencial entre Ronaldo e Kathryn Mayorga

Juíza quer perceber se Mayorga estava mentalmente apta para firmar documento, que envolveu 318 mil euros. Antiga modelo acusa Ronaldo de a ter violado num quarto de hotel em 2009.

Foto
Mayorga acusa Ronaldo de violação em Las Vegas Reuters/JENNIFER LORENZINI

Depois de a justiça norte-americana ter decidido, em 2019, que não existiam provas suficientes para levar Cristiano Ronaldo a julgamento pelas acusações de violação feitas por Kathryn Mayorga, sabe-se agora que será avaliada a condição mental da antiga modelo. Os testes servirão para determinar se esta estava apta, à altura dos factos, a assinar um acordo de confidencialidade com o jogador, que impediu que as alegações fossem publicamente conhecidas, escreve a agência Associated Press, numa notícia inicialmente avançada pela Der Spiegel. Já tinha sido a publicação alemã a revelar as acusações de Mayorga no Verão de 2018.

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

Depois de a justiça norte-americana ter decidido, em 2019, que não existiam provas suficientes para levar Cristiano Ronaldo a julgamento pelas acusações de violação feitas por Kathryn Mayorga, sabe-se agora que será avaliada a condição mental da antiga modelo. Os testes servirão para determinar se esta estava apta, à altura dos factos, a assinar um acordo de confidencialidade com o jogador, que impediu que as alegações fossem publicamente conhecidas, escreve a agência Associated Press, numa notícia inicialmente avançada pela Der Spiegel. Já tinha sido a publicação alemã a revelar as acusações de Mayorga no Verão de 2018.

A juíza Jennifer Dorsey vai marcar uma data em tribunal, que ainda não foi definida entre as partes, para decidir se o acordo entre jogador e modelo – em que o português terá pago 318 mil euros em troco do silêncio da mulher – é válido, dada a alegação de que Mayorga não estava mentalmente apta para entrar nestas negociações. O PÚBLICO contactou membros das equipas de advogados responsáveis pela defesa de Mayorga e Ronaldo, mas ainda não foi possível obter uma reacção a este desenvolvimento no caso. 

A história de Kathryn Mayorga, uma mulher norte-americana de 34 anos, veio a público em Agosto de 2018, com a antiga modelo a denunciar a alegada violação que teria sofrido em 2009, em Las Vegas, por parte do futebolista português. A história foi na altura contada na Der Spiegel e Cristiano Ronaldo desmentiu as acusações de imediato, alegando que a relação com Mayorga tinha sido consentida.

Foi neste momento conhecido o acordo de confidencialidade que o internacional português assinou com a modelo, para que estas alegações não fossem do conhecimento público. Estes documentos foram fornecidos à Der Spiegel pela plataforma Football Leaks que, sabe-se hoje, tinha Rui Pinto como autor principal. O acordo detalhava um pagamento de 375 mil dólares (aproximadamente 318 mil euros) em troca do silêncio da modelo.

A norte-americana afirmou à Der Spiegel que, num quarto de hotel, o jogador português a terá obrigado a praticar sexo anal. Mayorga diz que pediu várias vezes para parar, no contexto de uma relação até ali consentida, e que lhe disse “não”. Segundo o relato de Mayorga, Ronaldo terá continuado com o acto sexual. No final, conta a mulher, à data dos factos com 25 anos, o futebolista ter-lhe-á perguntado se tinha dores e ter-se-á posto de joelhos. Mayorga diz ainda que Ronaldo lhe disse que era “um bom rapaz 99% das vezes e que não sabia de onde vinha o 1%”.

Ronaldo negou o testemunho da mulher, apelidando as alegações de “fake news” (notícias falsas), afirmando que existiam pessoas que se queriam aproveitar do seu nome e notoriedade.

Foi aberto um processo cível que procurava a anulação do acordo de confidencialidade, com a procuradoria do condado de Clark, no estado norte-americano do Nevada, a colocar um ponto final – provisório, face às mais recentes revelações – ao caso em Julho de 2019. Como justificação para esta decisão, a procuradoria esclareceu que a alegada vítima recusou identificar o suposto agressor ou o local do crime em 2009, o que fez com que “os investigadores não pudessem procurar provas vitais”.