Na tela de cinema do Porto Femme vê-se a luta pela igualdade de género

O festival de cinema dedicado às mulheres e ao feminismo acontece no Porto entre 6 e 10 de Outubro. Haverá filmes, workshops, exposições, debates, sessões de perguntas e respostas e homenagens. Este ano, destaca-se a exposição Femme Quarentine, uma mostra de trabalhos realizados por mulheres durante a quarentena.

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A terceira edição do Porto Femme - Festival Internacional de Cinema está de volta para dar voz à luta feminista no universo cinematográfico. Embora a curadoria dos filmes não se prenda apenas pela temática da violação dos direitos das mulheres, o festival pretende “criar consciência social e humana” ao dar a conhecer realidades e lutas que nos são distantes. Quem o diz é Rita Capucho, uma das directoras do evento, em entrevista ao P3. “Ao mesmo tempo que as trazemos para a tela, trazemos para um espaço de reflexão e debate”, sublinha.

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A terceira edição do Porto Femme - Festival Internacional de Cinema está de volta para dar voz à luta feminista no universo cinematográfico. Embora a curadoria dos filmes não se prenda apenas pela temática da violação dos direitos das mulheres, o festival pretende “criar consciência social e humana” ao dar a conhecer realidades e lutas que nos são distantes. Quem o diz é Rita Capucho, uma das directoras do evento, em entrevista ao P3. “Ao mesmo tempo que as trazemos para a tela, trazemos para um espaço de reflexão e debate”, sublinha.

O início está marcado para terça-feira, 6 de Outubro, com o filme Selma Depois da Chuva, de Loli Menezes, a ser exibido às 22h no Cinema Trindade, no Porto, e prolonga-se até sábado, 10 de Outubro. Rita Capucho temia que muitas realizadoras não pudessem ir ao festival, mas acabou por não ser esse o caso: “Temos cerca de 25 realizadoras que vão estar presentes, muitas delas vindo até de fora.” Quanto à recepção do festival, diz estar “bastante optimista”, embora preveja menos público “do que seria desejado”.

Na conjuntura actual, “é ainda mais importante” falar do feminismo através do ecrã. Rita exemplifica, referindo os casos de “sobrecarga das mulheres que estiveram em casa a tomar conta dos filhos ao mesmo tempo que trabalhavam”, e do “aumento da violência doméstica” com o confinamento. "Já existem desigualdades no momento em que também há uma crise económico-social. Claro que as diferenças se vão agravar e reflectir nas condições e nos direitos das mulheres”, conclui.

A grande novidade desta edição é a exposição Femme Quarentine, de entrada livre, inaugurada a 6 de Outubro na Casa das Associações, da Federação das Associações Juvenis do Distrito do Porto (FAJDP). O Porto Femme já incluiu exposições na sua programação anteriormente, contudo esta diferencia-se pelo desafio deixado directamente a mulheres artistas para entregarem trabalhos desenvolvidos durante a quarentena. Em exibição vão estar cerca de 30 obras, nas áreas da pintura, fotografia e ilustração, seleccionadas de 78 propostas submetidas. “Vamos conseguir perceber qual foi este processo criativo, o que é que este confinamento levou a que estas mulheres criassem”, conta Rita Capucho. “São trabalhos que reflectem os tempos que nós vivemos. As grandes questões que estão presentes no dia-a-dia destas mulheres artistas estão aqui nesta exposição.”

Este ano serão feitas três homenagens com sessões de visualização, e discussão, de filmes e com a atribuição do Prémio Mulher-Cineasta. Nesta edição são celebradas Fernanda LapaMargarida Cordeiro e Isabel Ruth, que estará presente na sua sessão. “Vamos, de uma forma bastante concertada, fazer homenagem a estas figuras maiores do cinema português, que são conhecidas lá fora enquanto artistas, mas também pelo seu papel como mulheres na sociedade”, explica Rita Capucho.

Além disso, à semelhança das edições anteriores, o evento terá uma oferta formativa com dois workshops, sendo que um deles será virtual. É o caso de “Feminismo, Cinema e Cultura Pop”, com a cineasta e jornalista Antonella Estévez. Já o outro, “A casa e o mundo”, com Catarina Mourão, tomará lugar na Casa Comum da Reitoria da Universidade do Porto e propõe a construção de um objecto cinematográfico, a partir da análise de excertos de filmes da autora. A inscrição nas formações pode ser feita aqui.

A nível internacional, o Porto Femme exibe os ciclos Films Femme Mediterranée —​ associação fundada em Marselha, em 2006, que reúne cineastas de todo o Mediterrâneo —​HER Docs Film Festival, o primeiro festival de cinema da Polónia. 

É obrigatório o uso de máscara, a lotação das salas e espaços fechados foi reduzida e espera-se uma higienização frequente dos espaços e superfícies. Ainda assim, parte da programação irá concretizar-se virtualmente, nas plataformas online —​ como é o caso de um workshop e de uma parte da exposição Femme Quarentine. Haverá, também, uma extensão online do festival, com datas a definir.

Serão premiadas curtas e longas-metragens, documentários, filmes de animação e filmes experimentais, com enfoque na mulher e nas questões de género que a rodeiam. Assim, as competições, destinadas a mulheres, dividem-se em quatro eixos: Nacional, Internacional, Estudantes e XX Element. Na última categoria, existe uma excepção para os filmes elegíveis: podem ser realizados por homens ou co-realizados por homem e mulher, mas a temática deverá centrar-se no sexo feminino, e/ou uma das funções principais  seja ela de produtora, argumentista, actriz principal ou directora de fotografia deverá ser assumida por uma mulher.

O festival estava previsto para Junho, mas foi adiado devido à covid-19. Esta edição conta com uma selecção de 127 filmes, de 39 países, escolhidos de entre os 575 recebidos. As sessões serão distribuídas entre o Cinema Trindade, a Casa Comum da Reitoria da UP, o Maus Hábitos - Espaço de Intervenção Cultural e o Zero Lodge Box Porto. Na cerimónia de encerramento, além de serem entregues os prémios aos finalistas da competição, serão visualizados os filmes produzidos no workshop de Catarina Mourão e atribuído o Prémio Mulher-Cineasta às homenageadas. O programa completo pode ser consultado aqui.

Texto editado por Amanda Ribeiro