Ataque contra a segunda cidade do Azerbaijão aprofunda conflito no Nagorno-Karabakh
Bombardeamento do aeroporto de Ganja pelas forças separatistas apoiadas pela Arménia foi uma retaliação por ataque contra capital do enclave.
O conflito entre a Arménia e o Azerbaijão subiu um degrau com o bombardeamento da segunda maior cidade azerbaijana, na qual morreu pelo menos um civil.
A verdade faz-nos mais fortes
Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.
O conflito entre a Arménia e o Azerbaijão subiu um degrau com o bombardeamento da segunda maior cidade azerbaijana, na qual morreu pelo menos um civil.
O alvo dos bombardeamentos foi o aeroporto de Ganja, uma cidade de 330 mil habitantes a norte do Nagorno-Karabakh, onde até agora tinha decorrido a generalidade dos confrontos. O Governo arménio negou ter atacado Ganja, mas as autoridades do enclave, controlado por Ierevan, confirmaram o bombardeamento, que justificaram como uma retaliação pela ofensiva contra Stepanakert, a capital da região separatista.
Teme-se que na principal cidade do Nagorno-Karabakh haja um grande número de vítimas civis. Vários edifícios de Stepanakert foram destruídos e a electricidade foi cortada, segundo a agência Armenpress, citada pela BBC. Mais de 220 pessoas morreram desde que os mais recentes combates começaram, no fim-de-semana passado.
“A partir de agora, as instalações militares existentes nas principais cidades do Azerbaijão são alvos legítimos”, afirmou o líder separatista, Arayik Harutyunyan.
A posição oficial da Arménia é a de que “não houve fogo de nenhum tipo disparado a partir do território arménio na direcção do Azerbaijão”, como explicou a porta-voz do Ministério da Defesa, Shushan Stepanyan.
Após o colapso da União Soviética, os dois vizinhos recém-independentes entraram em guerra pelo controlo desta região, formalmente parte do Azerbaijão, mas maioritariamente habitada por arménios. Em 1994, foi assinado um cessar-fogo, mas não um acordo sobre o estatuto do Nagorno-Karabakh, que é internacionalmente reconhecido como parte do território azerbaijano, mas é controlado a partir de Ierevan.
Desde então houve confrontos esporádicos, mas nunca uma guerra declarada entre as duas nações – os combates foram-se travando entre o Exército azerbaijano e as forças militares separatistas. O bombardeamento de Ganja, em pleno território do Azerbaijão é visto como um passo que pode precipitar o início de uma guerra aberta.
O Governo de Bacu prometeu responder ao ataque contra o aeroporto com bombardeamentos em território arménio.
Em Ierevan, a retórica bélica já é audível. “Enfrentamos o momento mais decisivo da nossa história milenar. Temos de nos dedicar a um único objectivo: vitória”, afirmou o primeiro-ministro arménio, Nikol Pashinyan.
Entretanto, os esforços diplomáticos para tentar conter o conflito parecem apresentar poucos progressos. EUA, Rússia e França integram o chamado Grupo de Minsk da Organização para a Segurança e Cooperação Europeia (OSCE) e têm apelado ao diálogo entre as partes. Mas a entrada da Turquia, ao lado Azerbaijão, em cena está a mudar os equilíbrios regionais.
O Presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, rejeitou esta semana a mediação dos outros três países, o que pode sugerir um longo conflito e até arrastar potências estrangeiras para mais uma guerra por procuração.