O “vírus chinês” que ia desaparecer “como um milagre”. O que disse Trump sobre o coronavírus?
Donald Trump tem estado no centro das atenções do mundo com afirmações polémicas relacionadas com o novo coronavírus. Esta sexta-feira, o Presidente dos EUA anunciou ter sido infectado e a Reuters compilou as suas declarações dos últimos nove meses.
O Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, está em quarentena depois de ter testado positivo para a covid-19. Trump subestimou a pandemia durante meses, escapando às máscaras, criticando outros que as usam e realizando grandes comícios com apoiantes sem protecção, o que ia contra os conselhos dos profissionais de saúde pública.
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O Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, está em quarentena depois de ter testado positivo para a covid-19. Trump subestimou a pandemia durante meses, escapando às máscaras, criticando outros que as usam e realizando grandes comícios com apoiantes sem protecção, o que ia contra os conselhos dos profissionais de saúde pública.
Embora enfrentando fortes críticas pela sua resposta a um surto que matou mais de 200.000 pessoas só nos Estados Unidos, o Presidente deu várias declarações sobre o novo coronavírus: de “vírus da China” ao uso voluntário de máscara, passando por “injecções” de desinfectante, a agência de notícias Reuters compilou algumas das suas afirmações mais polémicas.
A 22 de Janeiro, Trump disse à CNBC que o vírus estava “totalmente sob controlo”. Dois dias depois, na rede social Twitter, agradecia ao Presidente Xi, da China, pelos seus esforços na contenção do coronavírus - discurso este que viria ser completamente diferente uns meses depois.
Um mês depois, a 23 de Fevereiro, o Presidente dos EUA anunciou aos jornalistas, novamente, que estava “tudo sob controlo no país”. Uns dias depois, na Casa Branca, afirmou: “Como um milagre, [o coronavírus] vai desaparecer”. Dizia que “estava perto de uma vacina” e que isto era “como uma gripe”. Uns meses mais tarde, os Estados Unidos tornaram-se o país mais afectado pela pandemia de covid-19.
Já em Março, dia 10, num encontro com os senadores republicanos, Trump admitiu que a situação foi “inesperada”, mas continuou a insistir que os EUA estavam “preparados, a fazer um grande trabalho”. “Mantenham-se calmos, [o vírus] vai-se embora”, disse.
A 13 do mesmo mês, o Presidente dos EUA disse aos jornalistas não assumir qualquer responsabilidade sobre a situação. Dois dias depois, na Casa Branca, continuava a insistir que tinha tudo controlado, mas o discurso alterou-se ligeiramente, admitindo que o vírus é “muito contagioso”.
A 18 de Março, Trump congratulou-se, no Twitter, por ter feito um “muito bom trabalho desde o início” com o “vírus chinês”, visto que desde logo fechou as fronteiras com a China.
Já no início de Abril, na Casa Branca, com o país perto das 10.000 mortes, Trump indicou que a máscara seria algo voluntário, acrescentando que escolhia não utilizar uma. Nesta altura, as máscaras começaram a ser recomendadas em algumas situações, em vários países. Ainda assim, no início desse mês, o Presidente reconheceu: “Vai haver muita morte, infelizmente”.
No final do mês, Trump protagonizou uma polémica situação relacionada com desinfectante. Na Casa Branca perguntou se não haveria alguma forma de colocar desinfectante no interior do corpo humano: “por injecção no interior, ou quase uma limpeza?”. Mais tarde, o Presidente disse estar a ser sarcástico e afirmou que não aconselhava ninguém a ingerir desinfectante. Foi no final do mês de Abril que os Estados Unidos passaram as 50.000 mortes por covid-19.
Ainda no final de Abril, Trump, com um discurso oposto ao de Janeiro, indicava ter provas de que o vírus saiu de um laboratório chinês, culpando o país asiático pela pandemia.
Em Junho, Trump afirmou que o vírus estava “a morrer”. No entanto, o país norte-americano já ultrapassava os 100.000 óbitos. Neste mês, o Presidente disse ainda que se deviam abrandar os testes, pois ao fazê-lo se iriam encontrar mais pessoas infectadas, daí o aumento de casos.
Uns meses mais tarde, foi visto a usar máscara publicamente. Em Julho, disse que a usou por estar num hospital, com “pessoas que em alguns casos acabaram de sair da mesa de operações”. E, no final desse mesmo mês, acabou por pedir à população, num briefing da Casa Branca, que usassem máscara “quando não for possível distanciar-se socialmente”. “Quer se goste ou não das máscaras, elas têm um impacto, terão um efeito e precisamos de tudo o que conseguirmos. Vou usá-la, de bom grado”, declarou.
Apesar desta mudança de atitude, a 29 de Setembro, no debate presidencial com Joe Biden, ridicularizou o rival democrata: “Sempre que o vês, ele tem uma máscara. Ele pode estar a falar a 200 pés [cerca de 60 metros] das pessoas e aparece com a maior máscara que alguma vez vi”.
Nesse mesmo debate, questionado sobre a propagação da doença nos seus comícios, o actual Presidente dos EUA referiu: “Até agora não tivemos qualquer problema”.
Desde o início da pandemia já foram infectadas mais de 7,2 milhões de pessoas nos Estados Unidos, das quais 207.816 morreram, segundo dados, até ao momento, da Universidade Johns Hopkins.