PAN apoia candidatura de Ana Gomes à Presidência da República
Depois do Livre, a candidata socialista recebe apoio de um partido com assento parlamentar. PS toma posição no final de Outubro.
O partido Pessoas-Animais-Natureza (PAN) apoia a candidatura da socialista Ana Gomes à Presidência da República. O anúncio foi feito nesta quinta-feira pela líder parlamentar e membro da comissão política nacional do partido, Inês de Sousa Real, no seguimento de deliberação em sede da comissão nacional.
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O partido Pessoas-Animais-Natureza (PAN) apoia a candidatura da socialista Ana Gomes à Presidência da República. O anúncio foi feito nesta quinta-feira pela líder parlamentar e membro da comissão política nacional do partido, Inês de Sousa Real, no seguimento de deliberação em sede da comissão nacional.
“O ideário e projecto político do PAN não poderiam auto-excluir-se deste processo que ocorre num momento tão determinante para o país. Por isso e sendo esta uma eleição de pessoas e não de partidos, o PAN decide apoiar a candidatura de Ana Gomes à Presidência da República”, anunciou Inês de Sousa Real.
O PAN justificou a sua “aposta” definindo Ana Gomes como “a única candidata progressista, humanista, europeísta e que sente a emergência climática”. A líder da bancada elogiou a candidata “pela sua independência e pela transversalidade das suas ideias”, facto que a ajuda a “agregar diferentes campos políticos, activismos, gerações e sensibilidades”.
A deputada afirmou ainda que nas presidenciais é preciso “derrotar não só o populismo antidemocrático, racista, machista, homofóbico e xenófobo”, mas também “conseguir derrotar à segunda volta o conservadorismo, nomeadamente de um estilo presidencial que não demarca linhas vermelhas na salvaguarda ambiental e cuja candidatura representa o crescimento de um projecto do bloco central que é bastante nefasto para a democracia”.
O PAN considera mesmo que Ana Gomes é única candidata “capaz de levar a eleição a uma segunda volta e vencer”.
Ana Gomes “muito honrada” com apoio
Ana Gomes agradeceu o apoio do PAN, revelando que os contactos mantidos com o partido “permitiram efectivamente identificar muitos pontos de convergência entre as ideias do PAN” e da sua candidatura. Nomeadamente, “sobre a premente necessidade de defender o meio ambiente, apoiar a transição climática e melhorar direitos de pessoas e animais”.
É sabido que sou militante do Partido Socialista. Mas entendo que é no quadro de uma convergência de ideias mais alargada, com cidadãos, partidos e forças políticas progressistas, que a minha candidatura a Presidente da República se deve situar. Afirmei desde logo esse propósito quando me apresentei, faz hoje precisamente três semanas”, acrescentou, numa nota enviada ao PÚBLICO.
A diplomata diz ainda que a estabilidade que todos almejam para Portugal “passa por essa convergência”: “A Presidência da República tem um papel central na estabilidade do sistema político. Papel central esse que lhe é conferido pela própria Constituição da República, designadamente, em matéria de separação de poderes.”
Diz ainda entender que essa estabilidade “ficará mais reforçada se o Presidente da República tiver a capacidade de acolher e de integrar na sua proposta apoios políticos alargados. É nesse sentido que saúdo e me sinto muito honrada com o apoio do PAN à minha candidatura”, concluiu.
Ana Gomes apresentou a sua candidatura a Presidente da República no passado dia 10 de Setembro, afirmando-se como a “voz do socialismo democrático” e criticando o PS por não ter um candidato a uma eleição que considera muito importante e que o seu partido não se podia abster.
Este apoio não é uma surpresa. Em Julho, em entrevista à Rádio Renascença, o deputado e porta-voz do PAN, André Silva, descartava a hipótese de avançar para Belém e admitia que Ana Gomes poderia ser a escolhida pelo partido entre o leque de candidatos.
A candidata da socialista já obteve o apoio da direcção do Livre, com os membros e apoiantes do partido a concordarem em escolher a antiga eurodeputada como a sua candidata.
O PS anunciou que, no final do mês de Outubro, a comissão nacional do partido tomará uma posição sobre as presidenciais, mas tudo indica que dará liberdade de voto aos seus militantes.
Ainda assim, nos últimos tempos têm surgido vozes no partido de apoio e contra a candidatura da socialista.