Navalny acusa Putin e continua decidido a regressar à Rússia: “Não tenho medo!”
“Não se sente dor nenhuma mas sabe-se que se está a morrer”, diz o opositor russo, recordando o momento em que o agente nervoso com que foi envenenado começou a fazer efeito, a 20 de Agosto.
Passaram pouco mais de duas semanas desde que saiu do coma e menos de uma desde que os médicos alemães avisaram ser cedo para avaliar as consequências do “grave envenenamento” que sofreu em Agosto, mas Alexei Navalny continua a recuperar e parece não ter tempo a perder. “A minha missão agora é manter-me corajoso. E não tenho medo!”, afirmou o opositor do Presidente russo, Vladimir Putin, numa entrevista à revista alemã Der Spiegel.
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Passaram pouco mais de duas semanas desde que saiu do coma e menos de uma desde que os médicos alemães avisaram ser cedo para avaliar as consequências do “grave envenenamento” que sofreu em Agosto, mas Alexei Navalny continua a recuperar e parece não ter tempo a perder. “A minha missão agora é manter-me corajoso. E não tenho medo!”, afirmou o opositor do Presidente russo, Vladimir Putin, numa entrevista à revista alemã Der Spiegel.
Envenenado com um agente de nervos da família do Novichok, uma arma química altamente tóxica, Navalny foi levado para a Alemanha e foi internado no Hospital Charité, em Berlim, a 22 de Agosto. Esteve 32 dias internado, 24 deles nos cuidados intensivos. Teve alta a 23 de Setembro e tem feito fisioterapia – na altura, um activista político que ajudou a levá-lo para Berlim disse que o opositor russo precisaria de pelo menos mais um mês para se pôr em forma.
Como já tinha sido adiantado por responsáveis alemães e pelos seus colaboradores, Navalny afirma que pretende regressar à Rússia e retomar a sua actividade política assim que for possível.
Navalny diz não ter dúvidas de que Putin esteve envolvido no seu envenenamento. “Afirmo que Putin está por trás deste crime e não tenho mais nenhuma versão para o que aconteceu”, acusa, de acordo com extractos da conversa com a revista alemã (a entrevista completa será publicada esta quinta-feira, ao fim do dia).
Depois de ter estado a fazer campanha para as eleições locais na Sibéria, a 20 de Agosto, sentiu-se mal no aeroporto de Tomsk, onde bebeu um chá. Levado de urgência para um hospital em Omsk seria transferido dois dias depois para Berlim.
Apesar da anunciada vitória esmagadora do Rússia Unida nas eleições por todo o país, o partido que apoia Putin perdeu a maioria para os aliados do principal opositor do chefe de Estado nas assembleias das cidades de Tomsk e Novosibirsk, na Sibéria, uma vitória simbólica para Navalny.
Já no início de Setembro, as análises realizadas num laboratório militar alemão revelaram que foi envenenado com um agente da família do Novichok – desenvolvido na União Soviética nas décadas de 1970 e 1980, já tinha sido usado há dois anos no Reino Unido contra o antigo espião Sergei Skripal. Agente duplo que passou segredos aos britânicos, Skripal esteve em estado crítico com a filha, Yulia.
Depois dos testes alemães, outros laboratórios suecos e franceses confirmaram o envenenamento com Novichok e a Alemanha exigiu explicações ao Kremlin, que desmente qualquer envolvimento e diz que continua à espera de provas de que foi cometido um crime.
O Novichok provoca um abrandamento do coração e a contrição das vias respiratórias, podendo levar à morte por asfixia. Questionado sobre o momento em que o agente nervoso começou a fazer efeito, Navalny descreveu à Spiegel que “não se sente dor nenhuma mas sabe-se que se está a morrer”.