O cinema vai ao encontro da cidade em Famalicão
A 5.ª edição de Close-Up decorre na Casa das Artes de Famalicão de 10 a 17 de Outubro. Buñuel e Pedro Filipe Marques estão num programa que abre e fecha com cine-concertos.
Na quinta edição do Close-Up, uma iniciativa que desde o início se quis afirmar mais como “um observatório de cinema” do que como um festival no seu figurino tradicional, o cinema vai visitar a cidade. Vai acontecer em Vila Nova de Famalicão, de 10 a 17 de Outubro, e vai insistir em chamar os espectadores às plateias da Casa das Artes, mesmo se condicionadas pelas regras sanitárias devidas à pandemia da covid-19.
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Na quinta edição do Close-Up, uma iniciativa que desde o início se quis afirmar mais como “um observatório de cinema” do que como um festival no seu figurino tradicional, o cinema vai visitar a cidade. Vai acontecer em Vila Nova de Famalicão, de 10 a 17 de Outubro, e vai insistir em chamar os espectadores às plateias da Casa das Artes, mesmo se condicionadas pelas regras sanitárias devidas à pandemia da covid-19.
Cinema na Cidade é o tema central da edição deste ano, que vai dar a ver “paisagens temáticas apresentadas através de pinceladas individuais e distintas, de novos e menos novos realizadores”, diz o programa concebido por Vítor Ribeiro.
Filmes como A Angústia do Guarda-Redes no Momento do Penalty (1972), de Wim Wenders, comentado pela programadora do Instituto Goethe Corinna Lawrenz e pelo crítico Carlos Natálio; A Última Vez que Vi Macau (2012), que os próprios realizadores, João Pedro Rodrigues e João Rui Guerra da Mata, apresentarão em Famalicão; Os Inúteis (1953), de Federico Fellini, comentado pelo programador Nuno Sena; ou A Cidade Branca (1983), de Alain Tanner, com a presença da sua actriz Teresa Madruga, são algumas das obras que convocam “reflexões sobre o imaginário urbano contemporâneo, exposições exploratórias do tempo e do espaço que, mesmo sujo e deteriorado, se transforma num deleite para os olhos”, qual “boneca russa” em que “abrimos a cidade e encontramos o cinema que revela no seu interior… a cidade”.
Mantendo também uma aposta que vem desde a primeira hora, o Cluse-Up 2020 vai abrir e fechar com dois filmes-concerto. No primeiro, o rock corpulento dos Black Bombaim acrescentado da electrónica de Luís Fernandes vão fazer uma leitura nova de um clássico do cinema surrealista, A Idade de Ouro (1930), de Luis Buñuel; a fechar, Cristina Branco, que acaba de editar Eva, vai cruzar a sua voz com outro clássico da sétima arte, The River (1928), de Frank Borzage, uma obra que foi recentemente reencontrada e restaurada e que conta uma história de amor entre um jovem e uma mulher já experiente.
Noutra secção, esta dedicada a revisitar uma figura da história do cinema, o autor escolhido este ano é Luis Buñuel, num programa – Que Viva México! – que reúne quatro dos filmes que o realizador espanhol fez neste país entre 1946 e 1964. São eles Susana (1950), Ele (1952), Ensaio de um Crime (1955) e O Anjo Exterminador (1962), também eles comentados por críticos, investigadores, artistas plásticos e escritores.
E na atenção ao cinema português – Fantasia Lusitana –, o Close-Up deu carta-branca a Pedro Filipe Marques, que, além de ter escolhido exibir (e comentar) A Costa dos Murmúrios, de Margarida Cardoso, vai mostrar três filmes seus: A Nossa Forma de Vida (2012), O Lugar que Ocupas (2016), este com a presença do jornalista e crítico do PÚBLICO Vasco Câmara, e Viveiro (2019). Será a oportunidade para seguir “um percurso de documentários como elogios do quotidiano, justos e que revelam afecto pelos seus personagens, imagens muitas vezes apresentadas como reflexos em planos que são como um contra-campo da nossa realidade”, escreve o programador Vítor Ribeiro.
Sem descurar a sua presença na comunidade, o Cluse-Up 2020 avança também com uma oferta de filmes e oficinas para as escolas e para as famílias.