Das Boot: não é só num cubículo fechado que podemos perder a cabeça

A segunda temporada da adaptação televisiva do filme de Wolfgang Petersen estreia-se esta terça-feira no AMC.

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A série não explora apenas a tensão no submarino U-612, olhando também para a ocupação nazi em La Rochelle e as ligações às forças alemãs em Nova Iorque DR

Das Boot, longa-metragem de 1981 do realizador e argumentista Wolfgang Petersen, não teria sido um filme completamente despropositado na quarentena de 2020. Uma história de uma tripulação alemã que lentamente perde a cabeça dentro de um submarino durante a Segunda Guerra Mundial, a obra é claustrofóbica, angustiante e, acima de tudo, parece que nunca vai acabar. Soa familiar, não soa? Esta terça-feira, o canal AMC estreia no pequeno ecrã português a segunda temporada do remake televisivo, que, apesar de tudo, não se centra apenas na complicada vida dentro do U-612, olhando também para locais críticos como La Rochelle e Nova Iorque, onde laços estratégicos com o Terceiro Reich para lugares de conforto no Senado dos Estados Unidos são cuidadosamente estudados.

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Das Boot, longa-metragem de 1981 do realizador e argumentista Wolfgang Petersen, não teria sido um filme completamente despropositado na quarentena de 2020. Uma história de uma tripulação alemã que lentamente perde a cabeça dentro de um submarino durante a Segunda Guerra Mundial, a obra é claustrofóbica, angustiante e, acima de tudo, parece que nunca vai acabar. Soa familiar, não soa? Esta terça-feira, o canal AMC estreia no pequeno ecrã português a segunda temporada do remake televisivo, que, apesar de tudo, não se centra apenas na complicada vida dentro do U-612, olhando também para locais críticos como La Rochelle e Nova Iorque, onde laços estratégicos com o Terceiro Reich para lugares de conforto no Senado dos Estados Unidos são cuidadosamente estudados.

“Quem conta uma história passada em tempos de guerra consegue mostrar as pessoas nos seus sentimentos mais verdadeiros e profundos”, partilha com o PÚBLICO o realizador Rick Ostermann, que participou em quatro episódios da segunda temporada deste “novo” Das Boot. Ostermann ainda acredita que a longa-metragem de Petersen, uma adaptação do romance homónimo assinado em 1973 pelo escritor e pintor Lothar-Günther Buchheim, é “o melhor filme de guerra alguma vez feito”. Por isso é que a série, que parte tanto desse primeiro livro de Buchheim como da sequela Die Festung (1995), “nem tenta entrar em competições”, pegando nas pontas soltas deixadas por Wolfgang.

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O remake televisivo inspira-se em igual medida no livro Das Boot (1973) e na sequela Die Festung (1995) DR

O remake explora, por exemplo, a frieza do exército nazi na cidade francesa de La Rochelle, os dilemas de comandantes que já não conseguem ter mais sangue nas suas mãos e os exercícios de malabarismo a que são obrigados a recorrer os diferentes membros da Resistência — a história de Simone Strasser (personagem interpretada pela actriz luxemburguesa Vicky Krieps), que tem o olhar da Gestapo constantemente perto de si e está a tentar proteger uma família judaica, é particularmente preponderante.

A segunda temporada introduz ainda uma terceira narrativa, posicionando os espectadores numa Nova Iorque consumida por discriminação e perigosamente ligada às forças alemãs. Dentro do U-612, os soldados da tripulação lá vão desconfiando uns dos outros e, enclausurados dia e noite, dizendo adeus à sanidade mental. A tensão no submarino não se sente tão intensamente como no filme original de Petersen, que, salienta Ostermann, teve “todo o tempo que quis para se focar na ‘decomposição’ das personagens”. Mas a segunda temporada de Das Boot mostra que uma pessoa não precisa necessariamente de estar fechada num cubículo para perder a cabeça.