Eleições EUA 2020: o que dizem as sondagens

Nos estados que podem vir a ser decisivos para a eleição do próximo Presidente dos EUA, Joe Biden leva vantagem sobre Donald Trump. Mas os especialistas chamam a atenção para a pouca frequência das sondagens e para as amostras reduzidas nos sítios mais importantes.

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Biden lidera nas sondagens, mas é muito cedo para cantar vitória KEVIN LAMARQUE/reuters

O campeonato das sondagens nos EUA já era difícil de ganhar antes das eleições presidenciais de 2016, mas a aparente hecatombe nas previsões desse ano afectou ainda mais a credibilidade das empresas que se dedicam a essa tarefa.

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O campeonato das sondagens nos EUA já era difícil de ganhar antes das eleições presidenciais de 2016, mas a aparente hecatombe nas previsões desse ano afectou ainda mais a credibilidade das empresas que se dedicam a essa tarefa.

De pouco vale recordar que a maioria das sondagens nacionais, há quatro anos, acertou quase em cheio: a média apontava para uma vantagem de 3,3 pontos percentuais de Hillary Clinton sobre Donald Trump na contagem do voto popular, e a candidata do Partido Democrata obteve mais quase três milhões de votos do que o seu adversário do Partido Republicano – o equivalente a 2,2 pontos percentuais.

Mas se a eleição de um Presidente dos EUA resultasse apenas do somatório do número total de votos em todo o país, o mundo não estaria hoje de olhos postos na possibilidade da reeleição de Donald Trump; e o que determina essa vitória pode passar por pequenos detalhes que facilmente escapam às (poucas) sondagens com amostras reduzidas feitas em estados onde o eleitorado está dividido, especialmente onde os candidatos de um dos partidos era, até então, o habitual vencedor.

Foi o que aconteceu, em 2016, nos estados do Michigan, da Pensilvânia e do Wisconsin, onde Barack Obama tinha sido o mais votado nas eleições de 2008 e 2012, e onde Donald Trump acabou por bater Hillary Clinton por margens muito curtas (ao todo, menos de 78 mil votos num universo de 13 milhões). Tivessem o Michigan, a Pensilvânia e o Wisconsin votado como em 2008 e 2012, e, mais uma vez, o mundo não estaria hoje de olhos postos na possibilidade da reeleição de Donald Trump.

Esta situação resulta num paradoxo, segundo o director da Gallup, Frank Newport: as sondagens nacionais são mais certeiras do que as estaduais, mas são estas que mais importam para o resultado final.

“As decisões eleitorais da população na maioria dos estados podem variar de forma dramática entre as áreas urbanas e as áreas rurais”, diz Newport no site da empresa de sondagens. “Pequenas variações na proporção das amostras de sondagens entre grandes cidades e zonas rurais, num estado decisivo, podem fazer mudar a corrida o suficiente de um candidato para o outro.” 

Por esta altura, o candidato do Partido Democrata, Joe Biden, tem vantagens confortáveis sobre o seu adversário do Partido Republicano, Donald Trump, nos três estados que Hillary Clinton perdeu em 2016: 4,7 pontos na Pensilvânia, 5,2 pontos no Michigan e sete pontos no Wisconsin. E em todos os casos essas vantagens são agora maiores do que o que separava Clinton e Trump em 2016 nas sondagens.