Fred Perry suspende venda de camisola após utilização por grupo de extrema-direita

Empresa afirma não estar associada ao grupo Proud Boys. “Estamos a trabalhar com os nossos advogados para perseguir qualquer uso ilegal da nossa marca”, indica a marca de moda em comunicado.

Foto
Pólo preto e amarelo usado pelo grupo Proud Boys Reuters/JIM URQUHART

A marca de moda Fred Perry suspendeu as vendas de um dos seus pólos mais famosos - a camisola preta e amarela - nos Estados Unidos da América (EUA) e Canadá depois de se ter associado a uma organização de extrema-direita, os Proud Boys.

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

A marca de moda Fred Perry suspendeu as vendas de um dos seus pólos mais famosos - a camisola preta e amarela - nos Estados Unidos da América (EUA) e Canadá depois de se ter associado a uma organização de extrema-direita, os Proud Boys.

Numa declaração publicada na sua página online dos EUA, a marca indica que é "incrivelmente frustrante” ver a camisola e o seu logótipo da coroa de louros associar-se ao grupo, uma vez que “não apoiam” nem estão ligados ao mesmo.

Originalmente, a camisola é uma peça da subcultura britânica. “Estamos orgulhosos da sua origem e do que a coroa de louros representa há mais de 65 anos: inclusividade, diversidade e independência”, lê-se no comunicado da empresa.

No entanto, apesar de este ser o seu significado original, agora o pólo “está a assumir um significado novo e muito diferente na América do Norte como resultado da sua associação com os Proud Boys”, grupo que a Fred Perry diz ter de ser erradicado. Por isso, a sua venda foi suspensa nos EUA e Canadá.

“Para ser absolutamente claro, caso veja algum material ou produtos dos Proud Boys com a nossa coroa de louros ou qualquer item preto/amarelo  relacionado, eles não têm absolutamente nada a ver connosco, e estamos a trabalhar com os nossos advogados para perseguir qualquer uso ilegal da nossa marca”, continua a nota.

 Fundada em 1952 pelo campeão de ténis de Wimbledon, Fred Perry, a marca tem sido adoptada por várias subculturas. Nos anos 60 e 70, a sua camisa pólo tornou-se associada ao movimento skinhead, diz o jornal The Guardian.

A marca tem-se manifestado repetidamente contra a sua utilização por grupos de extrema-direita, tendo o presidente, John Flynn,  já feito uma declaração pública em 2017: "Fred era filho de um deputado socialista da classe trabalhadora que se tornou campeão mundial de ténis numa altura em que o ténis era um desporto elitista. Ele iniciou um negócio com um empresário judeu da Europa de Leste. É uma pena que tenhamos até de responder a perguntas como esta. Não, não apoiamos os ideais ou o grupo de que fala. É contrário às nossas crenças e às pessoas com quem trabalhamos”.

Os Proud Boys foram criados pelo co-fundador da revista Vice, Gavin McInnes, em 2016, na preparação para a eleição de Donald Trump como presidente, indica o The GuardianMcInnes distanciou-se do grupo em 2018, dois dias depois do jornal britânico ter revelado que o FBI classificou a organização como um “grupo extremista”. 

A organização insiste publicamente que não é de extrema-direita ou nacionalista. Já o Southern Poverty Law Center (organização sem fins lucrativos dos EUA) caracteriza-os como um grupo de ódio.

Durante o passado fim-de-semana, os Proud Boys organizaram um comício a favor da reeleição de Donald Trump em Portland. Kate Brown, a governadora do estado do Oregon, declarou o estado de emergência em antecipação de “grupos brancos supremacistas” vindos de “fora da cidade”, mas muito menos pessoas do que o previsto apareceram, informa o The Guardian.