Governo britânico quer uma televisão pública mais “conservadora e pragmática”

O primeiro-ministro britânico quer mudar a radiodifusão do Reino Unido e ofereceu o lugar de topo da BBC a um crítico das taxas de radiodifusão e a outro conservador favorável ao “Brexit” a chefia da entidade reguladora.

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Boris Johnson quer dois conservadores adeptos do "Brexit" a liderar os media no Reino Unido HANNAH MCKAY/Reuters

O Governo britânico prepara grandes mudanças na radiodifusão do país, com o primeiro-ministro a oferecer os cargos de topo da BBC e da Ofcom, a entidade reguladora da radiodifusão, a conhecidos apoiantes do “Brexit”.

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O Governo britânico prepara grandes mudanças na radiodifusão do país, com o primeiro-ministro a oferecer os cargos de topo da BBC e da Ofcom, a entidade reguladora da radiodifusão, a conhecidos apoiantes do “Brexit”.

De acordo com a imprensa britânica, Boris Johnson convidou Charles Moore, o antigo director do Daily Telegraph e biógrafo de Margaret Thatcher a assumir o posto de presidente do conselho de administração da BBC.

Na Ofcom, o líder do Governo quer Paul Dacre, antigo director do Daily Mail, como presidente do conselho de administração, substituindo Terence Burns, que deixa o cargo no final do ano.

A imprensa britânica fala em mudanças que criarão uma revolução conservadora na radiodifusão britânica. Moore é um crítico da taxa de radiodifusão que ajuda a financiar a televisão pública, tendo condenado publicamente a criminalização daqueles que se recusam a pagar. E já foi mesmo multado em 2010 por se recusar a fazê-lo.

Para o deputado tory Steve Baker, em declarações à Sky News, estas mudanças levarão a uma cobertura noticiosa mais “conservadora e pragmática” na televisão britânica. “Eles são conservadores e poderão começar a olhar para a forma como os media funcionam e assegurar que existe alguma imparcialidade”.

Há algum tempo que o Partido Conservador considera que a BBC não tem tratado o Governo de forma justa, assumindo uma posição parcial e demasiado crítica das acções do executivo e do “Brexit”.

“No meu ponto de vista, posso assegurar que muitas e muitas vezes senti durante entrevistas que existe um consenso do lado do radiodifusor contra o conservadorismo moderado e maioritário”, acrescentou Steve Baker.

Para o Partido Trabalhista, aquilo que Boris Johnson e os conservadores estão a fazer é “interferir num processo aberto de nomeação”, disse à mesma Sky News Jo Stevens, o ministro da Cultura sombra do Labour.

“Porque está o Governo preocupado e a interferir nos processos abertos de nomeação para a BBC e a liderança da Ofcom, altos cargos independentes de serviço público com salários elevados?”, perguntou Stevens. “A ideia de anunciar as nomeações antes de o processo realmente acontecer é um bocadinho estranha e eu penso que as pessoas devem estar a questionar-se sobre quais são realmente as prioridades do Governo”, acrescentou.

Os estatutos da BBC dizem que o presidente do conselho de administração da empresa deve ser escolhido através de um “concurso justo e aberto”, mas a verdade é que na prática está entregue ao poder discricionário do primeiro-ministro.

Há muitos meses que se sabe que o primeiro-ministro britânico não está contente com o funcionamento da BBC e a ideia de fazer da BBC uma emissora inspirada no modelo da Fox News tem sido defendida por Dominic Cummings, principal assessor e conselheiro de Johnson e estratega da campanha de comunicação da defesa da saída do Reino Unido da União Europeia.