Das paredes do Porto às caixas de correio: postais pelo direito à habitação
Fotografaram as paredes do Porto por mais de um ano e encontraram uma luta polifónica com uma reivindicação comum: o direito a um tecto. Agora, Inês Barbosa e Diana Rocha criaram uma colecção de postais. E sabem bem a quem gostariam de enviar um
Começaram por ser simples deambulações solitárias pela cidade, em jeito flâneur, hábito de quem sempre se encantou por aquilo a que chama “sociologia andante”. Inês Barbosa caminhava, olhava as paredes da cidade e ia reparando como elas “falavam” cada vez mais do direito à habitação e do fenómeno da gentrificação. Em poucos meses, as fotografias tiradas sem propósito revelaram-se matéria bruta para trabalho e a socióloga resgatou-as para escrever vários artigos em torno do tema. Era, ainda assim, insuficiente. Pelo menos para quem acredita numa espécie de “sociologia pública” capaz de transpor os muros da academia e ser motor de mudança. “A minha ideia era dar visibilidade à questão da habitação e também estimular a mobilização”, conta Inês Barbosa, 37 anos, investigadora doutorada em sociologia da educação para quem a palavra casa tem sido mais sonho do que matéria.