Brigadas dos lares vão recorrer a tarefeiros em vez de terem médicos em permanência

O presidente da Cruz Vermelha, Francisco George, explicou, em entrevista à Renascença, que os médicos, “em caso de chamada, comparecem no lar em causa”.

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Os médicos "trabalham para empresas especializadas na área da prestação de cuidados médicos", disse Francisco George Rui Gaudencio

As brigadas de intervenção rápida para os lares, que estava previsto avançarem no final de Setembro, ainda estão em construção, embora em fase “adiantada”, e não vão ter médicos em permanência, tendo antes a opção sido a de “fazer contratos com empresas de médicos que, em caso de chamada, comparecem no lar em causa”. A explicação foi dada em entrevista à Renascença pelo presidente da Cruz Vermelha, Francisco George.

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As brigadas de intervenção rápida para os lares, que estava previsto avançarem no final de Setembro, ainda estão em construção, embora em fase “adiantada”, e não vão ter médicos em permanência, tendo antes a opção sido a de “fazer contratos com empresas de médicos que, em caso de chamada, comparecem no lar em causa”. A explicação foi dada em entrevista à Renascença pelo presidente da Cruz Vermelha, Francisco George.

O responsável ressalvou que “todas as brigadas estão em fase de construção adiantada”, “praticamente preparadas para iniciar os trabalhos”, estando “o processo organizativo” a decorrer, sem “obstáculos”. O mesmo responsável disse ainda, aos microfones da Renascença, que “tudo indica que, no final do mês ou no início de Outubro, as brigadas estarão preparadas para desenvolver as actividades previstas no âmbito dos lares com problemas”, e no contexto da pandemia da covid-19.

No entanto, quando questionado sobre se já tinham conseguido ultrapassar o problema de contratar algum médico, denunciado na semana passada pelo Expresso, explicou que “a Cruz Vermelha decidiu fazer uma coisa diferente”, propondo “fazer contratos com empresas de médicos que, em caso de chamada, comparecem no lar em causa”.

“Ficarão de chamada. Mas não é uma questão de serem tarefeiros ou não. São médicos que trabalham para empresas especializadas na área da prestação de cuidados médicos e que, no caso de serem chamados, comparecem para apoiarem as iniciativas que possam eventualmente decorrer neste ou naquele lar e que careçam de cuidados médicos”, esclareceu, defendendo fazer “todo o sentido utilizar médicos que, por chamada, comparecem nos locais onde são necessários”. Haverá contratos destes em todos os distritos e os serviços da Cruz Vermelha Portuguesa “encarregar-se-ão de acordar os pagamentos com essas empresas”, garantiu.

Quanto às contratações de enfermeiros, assegurou que “foram apresentadas candidaturas de muitas dezenas de enfermeiros que estão em fase de selecção”. E notou que “há uma tabela que estipula o número de pessoal especializado por cada brigada”, tendo em conta as necessidades de diferentes zonas do país. Ou seja, há “uma distinção no continente, nos 18 distritos, em função da população”, “dos problemas existentes” e “até do número de lares”. Também esta bolsa de enfermeiros é paga acima do valor normalmente efectuado no Serviço Nacional de Saúde, admitiu. Quanto aos restantes profissionais, como auxiliares, ajudantes e psicólogos, a contratação está igualmente em curso. Francisco George disse, no entanto, sobre o processo: “Não estou nada preocupado com a entrada em funcionamento destas brigadas.”

O Governo tinha anunciado um reforço de “18 brigadas distritais de intervenção rápida para contenção e estabilização de surtos em lares”, que serão compostas por um total de 400 profissionais, entre médicos, enfermeiros e técnicos de diagnóstico.

“Estamos, a partir da próxima semana, em condições de fazer 3500 testes por dia em Lisboa”

Na mesma entrevista, o presidente da Cruz Vermelha garantiu, ainda, que, através de uma parceria com o Instituto de Medicina Molecular e com financiamento da Fundação Francisco Manuel dos Santos haverá, “a partir da próxima semana”, condições de fazer 3500 testes por dia à covid-19, em Lisboa. O processo implica, explicou, “recolher zaragatoas e fazer análises num posto fixo que será instalado no antigo Hospital da Força Aérea, que é agora o Hospital das Forças Armadas, ao Lumiar, mas também terá brigadas móveis a partir desta base fixa”.

Por outro lado, notou, sobre o programa de testes de antigénio, com leitura rápida, que foi montado na central de coordenação de Coimbra “um telefone com um número muito fácil de memorizar para marcar análises, saber resultados e para informações”. Salientou que “esse número de telefone já está a funcionar – é o 1415 –, tem uma capacidade atendimento ampla”, sendo que, “ao longo do dia”, as pessoas “poderão obter informações precisas sobre a actividade da Cruz Vermelha Portuguesa no âmbito deste programa de testes de diagnóstico da covid-19.”

Antes, na entrevista, e sobre os 500 mil testes de detecção da covid-19, de leitura rápida, que a Cruz Vermelha pôs à disposição do Governo, Francisco George disse que “terá de ser o serviço público – neste caso concreto, a Direcção-Geral da Saúde – a decidir das normas para serem afinadas, se for caso disso, a fim de permitirem a intervenção e a utilização destes testes”. A tutela tem mostrado dúvidas quanto à fiabilidade destes testes, tendo em conta a possibilidade de uma menor sensibilidade perante cargas virais baixas e o risco de falsos negativos, e tendo ficado de definir em que circunstâncias podem ser usados.

No entanto, o presidente da Cruz Vermelha alertou: “Agora, devo dizer que o programa de contingência para o Outono/Inverno da DGS, que acaba de ser divulgado, prevê o uso de testes de antigénio de resposta rápida, que são estes de que estamos a falar e que acabam de chegar ao mercado”. Quando o Ministério da Saúde tomar uma decisão sobre o uso destes testes, estarão em Portugal “no dia seguinte”, garantiu o responsável. 

Questionado sobre se o Hospital da Cruz Vermelha continuará fora do circuito covid, depois de ter chegado a anunciar que seria um hospital para tratar infectados e tendo sido contrariado pelo corpo clínico, admitiu que “na última Primavera, a maioria dos médicos” daquele hospital “entendeu que não tinha condições para tratar doentes infectados” e que essa situação não voltou a ser discutida.