Careto: um videojogo para chocalhares por Podence durante o Carnaval

Em breve podes viver o Carnaval transmontano em qualquer altura do ano. Careto é um jogo virtual, ainda em desenvolvimento, que acompanha o percurso de um Facanito na aldeia de Podence.

Depois de se terem tornado Património Imaterial da Humanidade pela Unesco, os caretos de Podence assumem agora uma forma virtual: Careto é um novo jogo puzzle-platformer, em 2D. Começou como um projecto académico de Matilde Albuquerque e quer dar a conhecer a tradição portuguesa centenária, que ainda perdura na aldeia de Podence, às gerações mais novas, através da interactividade lúdica. Careto acompanha o processo do ritual carnavalesco de início ao fim: a construção do fato, a colecção de chocalhos, a provocação de pessoas na rua e a construção da grande escultura de Careto para a Queima do Entrudo.

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Depois de se terem tornado Património Imaterial da Humanidade pela Unesco, os caretos de Podence assumem agora uma forma virtual: Careto é um novo jogo puzzle-platformer, em 2D. Começou como um projecto académico de Matilde Albuquerque e quer dar a conhecer a tradição portuguesa centenária, que ainda perdura na aldeia de Podence, às gerações mais novas, através da interactividade lúdica. Careto acompanha o processo do ritual carnavalesco de início ao fim: a construção do fato, a colecção de chocalhos, a provocação de pessoas na rua e a construção da grande escultura de Careto para a Queima do Entrudo.

Ao P3, Matilde Albuquerque, programadora de jogos, conta que “a vontade de fazer um projecto sobre os Caretos de Podence surgiu há cerca de dois anos”, tendo-se concretizado em formato de videojogo “em Fevereiro, num contexto académico”. Sendo um evento de “raiz profana, divertida e marota”, a “oportunidade ideal” de passar este património às gerações mais novas foi, segundo Matilde, “um meio interactivo e divertido”.

A jovem reconhece uma associação entre o ritual da tradição — o desafio de chocalhar o máximo de pessoas na aldeia — e a passagem de níveis e realização de missões num videojogo. Como tal, o protagonista é um Facanito (um careto criança), que tem de “completar todos os passos do ritual e, assim, trazer mais pessoas ao Carnaval”.

À medida que o jogo avança “vão aparecendo mais pessoas na aldeia e mais caretos” — símbolo do progresso da tradição “nos últimos 30 anos, em que tem havido uma grande luta para manter o Carnaval dos caretos vivo”. Matilde explica que se trata de uma celebração da conquista que é o reconhecimento da tradição. “Quando se ganha o jogo há mais pessoas na aldeia e os caretos celebram. O jogo acaba como o Carnaval também acaba — com a Queima do Entrudo”, descreve.

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Surge como uma homenagem não só ao Carnaval dos Caretos de Podence, mas também aos obstáculos que a tradição teve de superar ao longo dos anos. O jogo avança e o cenário acompanha: a arte do fundo vai mudando com o progresso, vão aparecendo mais pessoas pela aldeia e também passam a participar mais caretos no Entrudo. Trata-se de uma metáfora sobre a evolução da tradição na vida real.

Este paralelismo é levado ao mais ínfimo detalhe, preservando a autenticidade da estética transmontana: todas as casas de Careto existem em Podence, tarefa esta que resultou de um trabalho de reconhecimento de campo, em Fevereiro de 2020, no primeiro Entrudo depois da distinção da Unesco. “Tirei fotos a todas as casas, fiz entrevistas a pessoas — até entrevistei um padre, que me disse que antigamente o passeio nem era pavimentado, era terra com lama e depois punham palha”, explica, sobre o passado da tradição, retratado no início do jogo.

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Para responder ao interesse de estrangeiros no Carnaval transmontano, o jogo está a ser desenvolvido em português e inglês e destina-se ao mobile, para já, com a possibilidade de evoluir para a PlayStation 4 e a Nintendo SwitchEmbora ainda não exista data para o lançamento, a versão protótipo — vertical slice — foi disponibilizada ao público recentemente, permitindo uma aprendizagem “tutorial” dos controlos do jogo.

Texto editado por Ana Maria Henriques