Ryanair voltou a roubar liderança à TAP em Agosto
Entre Março e Agosto deste ano, a companhia aérea portuguesa já perdeu oito milhões de passageiros.
A distância ficou mais curta mas, em Agosto, a Ryanair voltou a ser, pelo segundo mês consecutivo, a maior companhia aérea em Portugal, destronando a TAP num contexto de pandemia, com restrições à circulação e impactos financeiros no sector.
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A distância ficou mais curta mas, em Agosto, a Ryanair voltou a ser, pelo segundo mês consecutivo, a maior companhia aérea em Portugal, destronando a TAP num contexto de pandemia, com restrições à circulação e impactos financeiros no sector.
De acordo como os dados de tráfego divulgados pelo regulador da aviação civil, a ANAC, a companhia de baixo custo irlandesa transportou 414.638 passageiros em Agosto (-59,7% em termos homólogos), contra 410.107 passageiros da TAP (-76,5%, depois da queda de 89,5% de Julho).
Em Agosto do ano passado, o domínio era claramente da TAP, com 1,7 milhões de passageiros, contra um milhão da Ryanair (que detinha então a segunda posição). Em terceiro lugar ficou a Easyjet.
Olhando para os três principais aeroportos nacionais, o de Lisboa foi o que teve a maior quebra em termos de passageiros: 949,8 mil, o que equivale a -69,6%. Já pela infra-estrutura aeroportuária do Porto passaram 582,4 mil pessoas (-56,9%) e pela de Faro 410,6 mil (-65,6%). A descida do número de movimentos foi menor, o que indicia que há uma maior recuperação do número de rotas e de voos do que de passageiros, com os aviões a viajar com menor ocupação.
Nos seis meses que decorreram desde Março, mês em que foi declarada a pandemia provocada pela covid-19, a TAP transportou menos oito milhões de passageiros, o que equivale a uma queda de 85%.
Neste momento, o conselho de administração da TAP está a preparar o plano de reestruturação que tem de entregar em Bruxelas até ao final do ano, ligado ao empréstimo estatal que pode ir até aos 1200 milhões de euros.
Falta saber, por exemplo, o que vai acontecer em termos do número de trabalhadores, tendo já ocorrido várias reuniões com os sindicatos. Várias centenas de funcionários com contratos a prazo já foram dispensados e o grupo está a recorrer ao apoio extraordinário à retoma progressiva (mecanismo que substituiu o layoff simplificado), com redução do horário dos trabalhadores.
O novo presidente executivo, Ramiro Sequeira, já assumiu o cargo - de forma interina -, substituindo Antonoaldo Neves. Numa mensagem enviada juntamente com o presidente do conselho de administração, Miguel Frasquilho, os responsáveis pelo grupo afirmaram que as prioridades passam por retomar a actividade “com segurança e sustentabilidade” e “reestruturar” para recuperar a TAP.
Dias depois, numa outra mensagem, Ramiro Sequeira destacou que a transportadora aérea está “a operar apenas 30% do que era suposto”. Esta é, sublinhou, “uma medida consciente, porque não podemos operar voos que não sejam rentáveis ou que tenham pouca ocupação, o que colocaria a TAP numa posição ainda mais difícil”.
O gestor alertou ainda que a recuperação do sector do transporte aéreo será lenta, e que, mais do que entregar o plano em Bruxelas, o mais importante será a sua implementação, e essa estratégia “dar resposta, nos próximos três ou quatro anos”, à retoma desejada.
Entretanto, a comissão de trabalhadores (CT) da TAP lançou um manifesto, intitulado, “Por uma TAP pública ao serviço do país”, que conta com vários subscritores. O futuro da empresa, diz a CT, “não pode passar pela descaracterização da companhia, pela redução do número de trabalhadores ou pela precarização das relações laborais”. “É necessário impedir”, defende a CT, que a TAP “siga o caminho de se tornar numa pequena sucursal de uma grande multinacional, assim como é preciso integrar todo o grupo TAP numa estratégia mais ampla de desenvolvimento do país”.
Em breve deverão ser divulgados os resultados semestrais do grupo, que irão demonstrar os danos provocados pelo novo coronavírus nas contas da empresa.