Coreia do Norte acusada de balear e queimar corpo de funcionário sul-coreano

Coreia do Sul pediu explicações ao regime de Kim Jong-un pelo “acto de brutalidade” contra o seu funcionário. Suspeita-se que o homem estaria a tentar desertar para a Coreia do Norte e que foi abatido devido às ordens para conter a covid-19 a todo o custo.

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Ministério da Defesa sul-coreano pediu explicações à Coreia do Norte pela morte do seu funcionário JEON HEON-KYUN/EPA

A Coreia do Sul acusa as autoridades norte-coreanas de terem executado um funcionário sul-coreano do Ministério das Pescas e dos Oceanos e de terem queimado o corpo. O Governo de Seul fala num “acto de brutal” e já pediu explicações a Pyongyang.

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A Coreia do Sul acusa as autoridades norte-coreanas de terem executado um funcionário sul-coreano do Ministério das Pescas e dos Oceanos e de terem queimado o corpo. O Governo de Seul fala num “acto de brutal” e já pediu explicações a Pyongyang.

De acordo com um comunicado divulgado pelo Ministério da Defesa sul-coreano, o funcionário, de 47 anos, estava desaparecido desde segunda-feira, depois de ter embarcado numa missão de patrulha perto da ilha de Yeonpyeong, junto à fronteira da Coreia do Norte, por suspeitas de actividades de pesca ilegal.

O homem, cuja identidade não foi revelada, deixou os seus sapatos em terra e levou um colete salva-vidas, o que levas as autoridades sul-coreanas a acreditarem que estaria a tentar fugir para a Coreia do Norte.

“A Coreia do Norte encontrou o homem nas suas águas e cometeu um acto de brutalidade ao dispararem contra ele e ao queimarem o seu corpo”, afirma o Governo sul-coreano em comunicado. “Os nossos militares condenam tal acto brutal e pedem urgentemente ao Norte que dê explicações e puna os responsáveis”, acrescenta. Pyongyang ainda não respondeu.

Após consulta aos serviços secretos, Seul concluiu que o homem foi capturado pelas autoridades norte-coreanas, que o interrogaram com máscaras de gás, à distância, e que depois receberam ordens para o executar. O corpo foi regado com óleo e incendiado, tendo sido depois atirado ao mar.

De acordo com o The Guardian, esta é a primeira morte de um sul-coreano na Coreia do Norte desde 2008, quando um quando uma mulher de 53 anos foi morta a tiro depois de ultrapassar uma zona restrita.

A morte do funcionário do Ministério das Pescas e dos Oceanos sul-coreano aumenta as tensões entre Norte e Sul, que se agudizaram em Junho, depois de a Coreia do Norte ter destruído um gabinete de ligação com a Coreia do Sul na cidade fronteiriça de Kaesong, acusando as autoridades sul-coreanas de enviaram ilegalmente panfletos com propaganda contra o regime de Kim Jong-un através da fronteira.

Impedir a covid-19

As causas que levaram as autoridades norte-coreanas a executarem o homem ainda não são totalmente claras, no entanto, Seul acredita que possam estar relacionadas com a necessidade de Pyongyang conter a todo o custo as infecções por SARS-CoV-2 no país.

Escreve a BBC que as autoridades norte-coreanas estão a preparar uma enorme parada militar para o próximo dia 10 de Outubro para assinalar o 75.º aniversário do Partido dos Trabalhadores e que, por isso, as ordens são parar impedir que o coronavírus chegue ao país.

Além disso, o comandante das tropas norte-americanas na Coreia do Sul, Robert Abrams, disse que a Coreia do Norte introduziu uma zona-tampão na fronteira com China a e que as forças especiais têm ordens para disparar se alguém tentar entrar em solo norte-coreano.

A Coreia do Norte fechou a sua fronteira com a China em Janeiro e em Julho aumentou o estado de emergência para o nível máximo. No final do mês, um desertor norte-coreano a viver no Sul regressou à Coreia do Norte, acusado de abuso sexual em Seul, suspeitando-se que pudesse estar infectado com coronavírus, uma tese que nunca foi confirmada oficialmente e que leva Pyongyang a garantir que não tem qualquer caso de infecção.