BCE quer mercado tipo Amazon para bancos se livrarem do malparado
Banco central quer reduzir o domínio que os fundos abutres têm exercido no mercado do crédito malparado e que está a levar os bancos a venderem os seus activos a preços demasiados baixos.
Numa tentativa de quebrar o domínio avassalador que alguns grandes fundos internacionais têm no mercado do crédito malparado, o Banco Central Europeu (BCE) está a planear lançar para toda a zona euro um mercado online em que qualquer investidor pode procurar e adquirir dívidas problemáticas detidas pelos bancos.
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Numa tentativa de quebrar o domínio avassalador que alguns grandes fundos internacionais têm no mercado do crédito malparado, o Banco Central Europeu (BCE) está a planear lançar para toda a zona euro um mercado online em que qualquer investidor pode procurar e adquirir dívidas problemáticas detidas pelos bancos.
A ideia, de acordo com a agência Reuters, é uma das componentes da estratégia de resposta que o BCE irá propor para que a zona euro enfrente o excesso de crédito malparado acumulado pelos sectores bancários de vários países. O banco central liderado por Christine Lagarde quer evitar que grandes fundos de investimento especializados neste tipo de negócio, como o Lone Star, Blackstone ou Cerberus, continuem a comprar a preços de saldos e em pacote o crédito malparado de que os bancos se querem desenvencilhar com urgência, para melhorarem os seus rácios de capital.
Para conseguir isso, disse um responsável do BCE, Edward O’Brien, à Reuters, “a ideia é abrir o mercado [do crédito malparado] a compradores de portefólios mais pequenos, através do lançamento de um mercado ao estilo da Amazon ou do eBay”. Nesse mercado online, cada investidor pode procurar os créditos que mais lhe interessam e fazer uma proposta de compra.
É normal que um banco, no momento em que procura vender a terceiros os direitos sobre empréstimos que tem dificuldade em receber de volta, tenha de aceitar fazê-lo com um desconto. Isto é, recebe menos pelos créditos do que aquilo que tinha emprestado. O problema, neste momento, é que os fundos que se especializaram neste tipo de operação – algumas vezes denominados “fundos abutres” -, aproveitando-se do seu domínio do mercado e da urgência dos bancos, fazem compras de créditos em grandes quantidades (em pacotes de centenas de milhões de euros) e com um desconto muito elevado, o que, na perspectiva do BCE, acaba por ser prejudicial para os bancos e a sua estabilidade.
Segundo a Reuters, na proposta que irá ser apresentada pelo BCE aos governos europeus esta sexta-feira, prevê-se que, na plataforma online de venda de crédito malparado, os pacotes disponíveis não superarão os 10 milhões de euros, tentando-se desta forma atrair investidores de menor dimensão e criando mais concorrência, o que poderá resultar em descontos menos elevados.