Deputados chumbam divulgação imediata e integral de auditoria ao Novo Banco
PS e PSD temem que haja matérias cobertas pelo segredo bancário.
Os deputados da Comissão de Orçamento e Finanças (COF) rejeitaram nesta quarta-feira o requerimento do Bloco de Esquerda (BE) para divulgação pública imediata e integral do relatório de auditoria especial ao Novo Banco enviado pelo Governo ao Parlamento. O requerimento foi rejeitado com os votos contra de PS e PSD, abstenção de CDS-PP e Iniciativa Liberal (deputado único) e favoráveis de PCP e BE.
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Os deputados da Comissão de Orçamento e Finanças (COF) rejeitaram nesta quarta-feira o requerimento do Bloco de Esquerda (BE) para divulgação pública imediata e integral do relatório de auditoria especial ao Novo Banco enviado pelo Governo ao Parlamento. O requerimento foi rejeitado com os votos contra de PS e PSD, abstenção de CDS-PP e Iniciativa Liberal (deputado único) e favoráveis de PCP e BE.
Tanto PSD como PS afirmaram que são, por regra, favoráveis a que estas matérias sejam divulgadas publicamente, auxiliando o debate público, mas que não o podem fazer se persistem dúvidas legais de que há matérias que seriam divulgadas cobertas pelo segredo bancário.
Sobre pedidos de esclarecimento aos serviços jurídicos do Parlamento, o presidente da COF, Filipe Neto Brandão, disse que estes já manifestaram de que não é possível dizer “com margem confortável” os elementos sujeitos ou não a sigilo.
Do CDS-PP, Cecília Meireles criticou o Ministério das Finanças por ter classificado o documento como confidencial quando o enviou ao Parlamento, já que não haveria esta discussão se não o tivesse feito, e considerou que grandes devedores que motivam injeções de capital em bancos devem ser divulgados.
Mas afirmou que, segundo o Novo Banco, poderão ocorrer prejuízos por serem divulgadas perdas em activos que estão em processo de venda. “Não posso acompanhar e votar favoravelmente porque pode abrir porta a vitimizações do Novo Banco e não estou disponível", afirmou.
O deputado único da Iniciativa Liberal, Cotrim de Figueiredo, disse que os clientes dos bancos têm direito à privacidade e que se recusa a que alguém que tem dívidas a um banco seja tido como um criminoso.
“Se há matérias que dizem respeito a identificação de operações ou pessoas não estou à vontade para ser o Parlamento a levantar o sigilo bancário”, vincou.
Pelo BE, Mariana Mortágua disse que o documento em votação para ser divulgado é o enviado pelo Governo ao Parlamento em que não constam nomes de devedores, mas códigos (o documento à parte que seguiu para os deputados, em que está a relação entre os códigos dos devedores e seus nomes, não seria divulgado - disse).
Pelo PCP, Duarte Alves criticou o Governo por não ter divulgado o documento (quando foi ele que ordenou a auditoria) e notou uma “diferença de pruridos” face a matérias semelhantes, dizendo que no passado o PSD foi logo favorável à divulgação da auditoria à Caixa Geral de Depósitos (CGD), ao contrário do que se passa agora com a auditoria ao Novo Banco.
Em 1 de Setembro, o Governo (Ministério das Finanças) enviou ao Parlamento a auditoria ao Novo Banco (realizada pela consultora Deloitte) com a menção de “confidencial”.
Entretanto, também o Novo Banco enviou o relatório da auditoria, mas expurgando de matérias que considerou confidenciais (são cerca de 17 páginas com informação truncada, com nomes de devedores e operações que deram origem a perdas significativas), sendo esta versão da auditoria a que foi publicada pelo Parlamento.