Conto mais ou menos gótico de Verão

A adolescência temperada com uns pozinhos de angst e poesia fin de siècle. Mas tudo se perde, no filme de François Ozon, em meras sinalizações de uma força dramática e emocional que não se materializa.

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François Ozon, um dos mais prolíficos e erráticos realizadores da actualidade, aponta aqui ao coração da nostalgia. Está tudo logo no título (e no genérico inicial acompanhado por uma canção dos Cure), mesmo que o ano da acção não seja especialmente importante: podia ser 75 ou 95 e tudo se passar mais ou menos da mesma forma — embora se reporte claramente a um tempo ainda sem internet, telemóveis e redes sociais, quando os adolescentes podiam ser mais afectados pela descoberta de um poema de Verlaine do que pela última sensação do Instagram ou quejandos. É portanto um “conto de Verão” (e Melvil Poupaud, protagonista do filme de Rohmer que nos anos 90 se chamou assim, figura no elenco, na pele de um professor de literatura), que fala de um “verão azul”, mas um verão azul escuro, tingido por um negrume vagamente gótico.

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François Ozon, um dos mais prolíficos e erráticos realizadores da actualidade, aponta aqui ao coração da nostalgia. Está tudo logo no título (e no genérico inicial acompanhado por uma canção dos Cure), mesmo que o ano da acção não seja especialmente importante: podia ser 75 ou 95 e tudo se passar mais ou menos da mesma forma — embora se reporte claramente a um tempo ainda sem internet, telemóveis e redes sociais, quando os adolescentes podiam ser mais afectados pela descoberta de um poema de Verlaine do que pela última sensação do Instagram ou quejandos. É portanto um “conto de Verão” (e Melvil Poupaud, protagonista do filme de Rohmer que nos anos 90 se chamou assim, figura no elenco, na pele de um professor de literatura), que fala de um “verão azul”, mas um verão azul escuro, tingido por um negrume vagamente gótico.