Falemos então da deputada Hortense

Não há leis que resistam a uma cultura da desvergonha promovida e apoiada em simultâneo pela classe política e pela classe judicial.

O caso da deputada Hortense Martins não é bem um caso – é mais um sketch humorístico. A série de reportagens que José António Cerejo tem escrito sobre o microcosmos político de Castelo Branco parece um cruzamento de Fellini com Coppola, tão surreal é o compadrio, tão descaradas as estratégias de assalto aos dinheiros públicos e tão estapafúrdias são as desculpas dos envolvidos. Aquilo é comédia e tragédia unidas pelo nacional-porreirismo, porque o que cerze tudo isto é a eterna complacência das instituições para com a mais óbvia trafulhice, seja da comissão de ética da Assembleia da República, seja do próprio Ministério Público.

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O caso da deputada Hortense Martins não é bem um caso – é mais um sketch humorístico. A série de reportagens que José António Cerejo tem escrito sobre o microcosmos político de Castelo Branco parece um cruzamento de Fellini com Coppola, tão surreal é o compadrio, tão descaradas as estratégias de assalto aos dinheiros públicos e tão estapafúrdias são as desculpas dos envolvidos. Aquilo é comédia e tragédia unidas pelo nacional-porreirismo, porque o que cerze tudo isto é a eterna complacência das instituições para com a mais óbvia trafulhice, seja da comissão de ética da Assembleia da República, seja do próprio Ministério Público.