Quinta do Ferro espera e desespera para ser reabilitada
Moradores exigem obras num bairro insalubre que há muito espera obras. Moção do CDS para a sua reabilitação foi aprovada.
A Quinta do Ferro, na freguesia lisboeta de São Vicente, é, nas palavras dos moradores “um bairro tornado favela”. Dizem-se abandonados pela junta pela câmara e prometem um protesto na próxima semana junto à câmara. O CDS , que aponta que ali estão “famílias a viver em escombros, casas inacabadas ou ardidas, sem saneamento básico ou água potável”, levou nesta terça-feira à assembleia municipal uma moção para que o bairro passe a ser considerado uma Área de Reabilitação Urbana (ARU) de forma a ser intervencionado. A iniciativa foi aprovada por unanimidade.
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A Quinta do Ferro, na freguesia lisboeta de São Vicente, é, nas palavras dos moradores “um bairro tornado favela”. Dizem-se abandonados pela junta pela câmara e prometem um protesto na próxima semana junto à câmara. O CDS , que aponta que ali estão “famílias a viver em escombros, casas inacabadas ou ardidas, sem saneamento básico ou água potável”, levou nesta terça-feira à assembleia municipal uma moção para que o bairro passe a ser considerado uma Área de Reabilitação Urbana (ARU) de forma a ser intervencionado. A iniciativa foi aprovada por unanimidade.
Muitas das casas não têm casas de banho, há quem utilize uma fossa para se desfazer dos seus dejectos enquanto outros vão tomar banho nas instalações da Voz do Operário, diz José Rosa, presidente da Associação de Amigos da Quinta do Ferro. O organismo reúne inquilinos e senhorios do bairro. Rosa lembra que já existe um projecto de reabilitação, aprovado em 2016 e que começou no ano seguinte. Em 2018, foi entregue ao grupo de arquitectos ateliermob, mas desde então tem estado parado e sem respostas concretas da autarquia. Através do programa BIP/ZIP, o projecto seria financiado em 50 mil euros. Passaria por várias vertentes para responder aos problemas estruturais do local.
José Rosa refere que o projecto congelado permitiria a construção de oito prédios com 140 fogos municipais. A iniciativa parada traria também outros benefícios, como um parque intergeracional de lazer e um parque de estacionamento subterrâneo.
A Amigos da Quinta do Ferro tentou contactar o vereador do urbanismo Ricardo Veludo, dizendo que há um ano que pediu uma reunião. Em resposta, o gabinete do vereador remeteu o assunto para a vereadora Paula Marques, que detém os pelouros do desenvolvimento local e da habitação. Para a associação, a resposta causou “indignação” e mostrou “falta de respeito pelos cidadãos (moradores e proprietários fortemente unidos pelo mesmo ideal) empenhados, há anos, na dignidade do bairro e de Lisboa”.
Porém, a reunião da assembleia municipal desta terça-feira, onde a moção centrista foi aprovada por unanimidade, Ricardo Veludo afirmou que já conhece o projecto dos Amigos da Quinta do Ferro, mas não adiantou se ele virá ou não a ser executado. “Mais do que encontrarmos um projecto, precisamos de uma solução que seja exequível”, disse o vereador do Urbanismo, reconhecendo, no entanto, que esta “é uma zona insalubre” e que precisa rapidamente de uma resposta. O autarca disse estar “empenhado” em apresentar um projecto até ao primeiro trimestre de 2021, como pediam os deputados do CDS.
Diogo Moura, do CDS, relembra que já em 2008 foi feito um registo cadastral da Quinta do Ferro para que se soubessem quem eram todos os proprietários. Os dados indicam que 53% dos terrenos do bairro são municipais. Sugere que a câmara realoje temporariamente os habitantes da Quinta do Ferro noutro local até as casas estarem reabilitadas.
A Stop Despejos, plataforma colectiva que luta pelo fim dos despejos e defende o direito à habitação, convocou um protesto para o dia 30 de Setembro às 14 horas, junto aos Paços do Concelho, com o fim de “apoiar a intervenção de moradores da Quinta do Ferro na reunião pública de câmara.” A nota da associação descreve a situação dos moradores como "esquecidos pelo poder político”, considerando que “vivem em condições desumanas”. com João Pedro Pincha
Texto editado por Ana Fernandes