Justiça angolana manda encerrar todos os templos da IURD em Angola

Este domingo foram encerrados quatro templos. Só em Luanda há 211 locais de culto da Igreja Universal do Reino de Deus.

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Este foi o primeiro fim-de-semana em que foram retomados os cultos religiosos em Luanda desde Março, altura em que foi declarado o estado de emergência Fernando Veludo/NFACTOS (Arquivo)

A justiça angolana ordenou o encerramento e apreensão de todos os templos da Igreja Universal do Reino de Deus (IURD) em Angola, estando o processo de encerramento a ser feito “de forma gradual”, disse à Lusa fonte policial.

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A justiça angolana ordenou o encerramento e apreensão de todos os templos da Igreja Universal do Reino de Deus (IURD) em Angola, estando o processo de encerramento a ser feito “de forma gradual”, disse à Lusa fonte policial.

“Por despacho do Ministério Público, todos os templos da IURD em território nacional estão apreendidos e encerrados, só que o processo de selagem está a ser feito de forma gradual”, indicou a fonte, acrescentando que só na capital angolana, Luanda, são 211 templos.

A IURD em Angola declarou-se este domingo “surpresa” com a ordem de encerramento de quatro dos seus templos durante o culto, adiantando que nenhum deles estava no lote dos sete edifícios apreendidos pela Procuradoria-Geral da República em Agosto e classificou a operação policial como “desproporcionada e excessiva”.

Em declarações à Lusa, uma fonte policial adiantou que os templos estão apreendidos e serão encerrados. “Por conseguinte, enquanto decorre o processo não podem realizar cultos”, afirmou a mesma fonte, acrescentando que “para que não se criem mais dúvidas a respeito, as partes serão notificadas nos próximos dias, para aclarar a situação”.

Este foi o primeiro fim-de-semana em que foram retomados os cultos religiosos em Luanda desde Março, altura em que foi declarado o estado de emergência em Angola devido à pandemia de covid-19.

Num comunicado enviado à Lusa, a IURD disse ter sido “surpreendida” com a chegada da polícia aos templos do Kilamba, Estalagem, Km 30 e Samba, tendo sido decretado o encerramento dos mesmos, apesar de os agentes não estarem “munidos de qualquer mandato ou documentação de suporte”.

A IURD alegou que a polícia agiu “de forma truculenta e excessiva, cerceando os membros e fiéis que, na ocasião, estavam exercendo seu direito de liberdade de culto” e sublinha que não havia qualquer impedimento legal ou mandato judicial que impedisse o culto naqueles templos, “pois os mesmos não foram arrestados ou lacrados pela Procuradoria-Geral da República (PGR)”.

A PGR angolana apreendeu, em Agosto, sete templos da IURD em Luanda (Alvalade, Maculusso, Morro Bento, Patriota, Benfica, Cazenga e Viana), no âmbito de um processo-crime por alegadas práticas dos crimes de associação criminosa, fraude fiscal e exportação ilícita de capitais.

A IURD destaca, no mesmo comunicado, que alguns bispos e pastores foram levados para uma esquadra policial sem que se saiba “o real motivo de tal ato”, tendo sido libertados após prestarem declarações. Segundo a IURD, os agentes apenas terão informado “que havia uma ‘orientação’ de que os templos da Universal não deveriam estar abertos” e, por isso, estariam “em desobediência”.

A IURD tem estado envolvida em várias polémicas em Angola, depois de um grupo de dissidentes se afastar da direcção brasileira, em Novembro do ano passado. As tensões agudizaram-se em Junho com a tomada de templos pela ala reformista, entretanto constituída numa Comissão de Reforma de Pastores Angolanos, com troca de acusações mútuas relativas à prática de actos ilícitos.

Os angolanos, liderados pelo bispo Valente Bezerra, afirmam que a decisão de romper com a representação brasileira em Angola encabeçada pelo bispo Honorilton Gonçalves, fiel ao fundador Edir Macedo, se deveu a práticas contrárias à religião, como a exigência da prática da vasectomia, castração química, práticas de racismo, discriminação social, abuso de autoridade, além da evasão de divisas para o exterior do país.

As alegações são negadas pela IURD Angola que, por seu lado, acusa os dissidentes de “ataques xenófobos” e agressões a pastores e intentou também processos judiciais contra os dissidentes. A IURD Angola acusou anteriormente as autoridades judiciais angolanas de terem feito apreensões ilegais e atentarem contra a liberdade religiosa.

Neste momento correm os seus trâmites nos tribunais angolanos vários processos judiciais relacionados com a IURD Angola.

O conflito deu origem à abertura de processos-crime na PGR de Angola e subiu à esfera diplomática, com o Presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, a pedir ao seu homólogo João Lourenço garantias de protecção dos pastores brasileiros e do património da Igreja, tendo o chefe de Estado angolano prometido um “tratamento adequado” do assunto na justiça.