Para o meu avô

Os avós colocam o doce necessário nas nossas vidas. Crescer com avós é ter uma gaveta especial com as guloseimas escondidas, é ter guardado no frigorífico os nossos iogurtes preferidos, é chegar a casa depois da escola e ter o nosso prato favorito à espera.

Foto

Muitas vezes ouvimos dizer que os avós são os nossos segundos pais, com mais experiência, mais tempo e, muitas vezes, pelas mesmas razões mencionadas, mais pacientes e tolerantes. São os nossos heróis e, ao mesmo tempo, os mais frágeis. Ao crescermos, apercebemo-nos das suas lutas, a energia vai dando lugar ao cansaço, às dores e às doenças e é o primeiro contacto que temos com a velhice e tudo o que esta acarreta.

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

Muitas vezes ouvimos dizer que os avós são os nossos segundos pais, com mais experiência, mais tempo e, muitas vezes, pelas mesmas razões mencionadas, mais pacientes e tolerantes. São os nossos heróis e, ao mesmo tempo, os mais frágeis. Ao crescermos, apercebemo-nos das suas lutas, a energia vai dando lugar ao cansaço, às dores e às doenças e é o primeiro contacto que temos com a velhice e tudo o que esta acarreta.

Os avós colocam o doce necessário nas nossas vidas. Crescer com avós é ter uma gaveta especial com as guloseimas escondidas, é ter guardado no frigorífico os nossos iogurtes preferidos, é chegar a casa depois da escola e ter o nosso prato favorito à espera na mesa e é ver as nossas feridas cuidadas com tempo e carinho.

Embora me lembre de ti todos os dias, esta será sempre a data. Escrevo-te, especialmente neste dia, para que possa voltar atrás no tempo. Escrevo sobre ti, sobre nós, porque a escrita nos torna imortais, sobrevive ao tempo e ultrapassa gerações e eu quero que tu e as minhas recordações de ti possam chegar longe. O amor fez-te imortal, o que me deste, o que sinto por ti e o que transmito aos outros por causa de ti.

Continuo a ver-te em cada recanto. Esta rua irá ser sempre cenário garantido das minhas lembranças de ti. Continuo a ver a tua mão agarrada à minha, sempre quente, que me transmitia força e segurança, o teu sorriso contagiante e os teus olhos carregados de ternura.

E é com todos estes pormenores que me lembro de ti. Continuo, em vão, à procura de palavras no nosso vocabulário, que consigam descrever e transmitam em pleno a falta que me fazes e tudo o que foste e és para mim. Queria mais… Mais tempo, mais memórias e mais brincadeiras que nos tornavam tão cúmplices, mas, e apesar desta mágoa, fico grata pelo legado que deixaste.

As datas são construções humanas, uma forma de pensarmos que controlamos, de alguma forma, o tempo. Mas o tempo não pára, as lembranças foram criadas e há dias em que a saudade fala mais alto e a tristeza apodera-se de nós.

Hoje é o dia. Sê-lo-á sempre. O dia em que me despedi de ti, embora nunca nos possamos realmente despedir de alguém que tem morada fixa no nosso coração.

A todos os avós que tiveram a mesma importância para os seus netos que tu tiveste para mim, um agradecimento especial. Por nos moldarem, educarem e acompanharem, criando aquilo que hoje somos. Estarão sempre, de forma inevitável, nas nossas ações e pensamentos.

O meu avô será sempre, como escreveu o nosso escritor José Luís Peixoto, “um pouco muito de mim”.