A vítima não é culpada!
Basta de culpabilizar as vítimas. Chega de lhes atirar para cima um peso do qual dificilmente se livrarão. Porque a culpa destrói, corrói e aniquila. Inibe movimentos e vontades, contrai e derruba num movimento centrípeto que parece perpetuar-se no tempo. A culpa mata.
Todos os dias nos deparamos com situações de violência, física, emocional e sexual, contra crianças, adolescentes e adultos. Violência que não escolhe idade nem sexo, transversal a todas as profissões e enquadramentos sócio-económicos. E por mais que tenhamos acesso a dados de investigação sobre vitimologia, a ideia que as vítimas são culpadas, de alguma forma, persiste. São culpadas porque “se puseram a jeito”. Porque não gritaram nem fugiram. Porque não disseram “não”. Ou disseram, mas não foi um “não” totalmente convincente. Porque se vestiram ou comportaram de forma provocante. Porque sorriram ou olharam de forma sedutora. Porque estavam lá naquele momento. Porque não pediram ajuda de imediato. Porque se mantiveram em silêncio. Porque gostavam do agressor.
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Todos os dias nos deparamos com situações de violência, física, emocional e sexual, contra crianças, adolescentes e adultos. Violência que não escolhe idade nem sexo, transversal a todas as profissões e enquadramentos sócio-económicos. E por mais que tenhamos acesso a dados de investigação sobre vitimologia, a ideia que as vítimas são culpadas, de alguma forma, persiste. São culpadas porque “se puseram a jeito”. Porque não gritaram nem fugiram. Porque não disseram “não”. Ou disseram, mas não foi um “não” totalmente convincente. Porque se vestiram ou comportaram de forma provocante. Porque sorriram ou olharam de forma sedutora. Porque estavam lá naquele momento. Porque não pediram ajuda de imediato. Porque se mantiveram em silêncio. Porque gostavam do agressor.
Falta dizer que as vítimas são culpadas porque existiram.
Basta de culpabilizar as vítimas. Chega de lhes atirar para cima um peso do qual dificilmente se livrarão. Porque a culpa destrói, corrói e aniquila. Inibe movimentos e vontades, contrai e derruba num movimento centrípeto que parece perpetuar-se no tempo. A culpa mata.
Basta de insinuar sequer que a vítima é culpada.
A vítima fica paralisada e permanece calada para tentar sobreviver. E guarda segredo porque sente medo, vergonha e, tantas vezes, conflitos de lealdade. E também sente culpa, que o agressor e tantos outros depois reforçam sem dó nem piedade.
Muitas vezes, tão grave como a violência que se viveu, é a pena que a sociedade impõe. A pena da culpabilização, dos dedos apontados e do estigma. A pena que, tantas vezes, é sentida como perpétua, sem o tecto máximo dos 25 anos da pena de prisão para quem é, efectivamente, violento aos olhos da justiça.
As vítimas, sejam elas crianças, adolescentes ou adultos, precisam sentir compreensão e empatia. Sentir-se acolhidas, sem juízos nem recriminações. Sentir que as pessoas em seu redor têm tempo e espaço para as ouvir. Não apenas o que dizem as palavras, mas também o olhar, os silêncios, os gestos.
As vítimas podem ser vítimas dos seus agressores. Com todas as consequências negativas que daí possam advir. Ou podem também ser vitimas de toda a sociedade, sendo que, nestas situações, o impacto negativo é seguramente muito mais severo. Depende de nós. De cada um de nós.