“Raspadinha” e Placard já valem 70% das receitas de jogo da SCML

Vendas brutas dos jogos sociais voltaram a subir e atingiram os 3360 milhões de euros em 2019, mas este ano a realidade deverá ser diferente: entre Março e Maio houve uma queda de 44% por causa da pandemia.

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Apostas no Placard subiram 20% para os 634 milhões de euros Adriano Miranda

Os jogos explorados pela Santa Casa da Misericórdia de Lisboa (SCML) geraram, no ano passado, vendas brutas de 3360 milhões de euros, valor que representa uma subida de 8,5% face a 2018. O destaque vai para dois dos jogos sociais, a Lotaria Instantânea, conhecida por “raspadinha”, e o Placard. Juntos, estes dois jogos representaram 70% das vendas, ou seja, 2352 milhões de euros.

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Os jogos explorados pela Santa Casa da Misericórdia de Lisboa (SCML) geraram, no ano passado, vendas brutas de 3360 milhões de euros, valor que representa uma subida de 8,5% face a 2018. O destaque vai para dois dos jogos sociais, a Lotaria Instantânea, conhecida por “raspadinha”, e o Placard. Juntos, estes dois jogos representaram 70% das vendas, ou seja, 2352 milhões de euros.

A “raspadinha”, um jogo com resultado imediato (à semelhança das máquinas dos casinos), continua a ser a principal fonte de receitas da SCML, tendo chegado aos 1718 milhões de euros (+7,8% face a 2018), o que equivale a 51,1% do total (51,5% em 2018).

Quanto ao Placard, aquele que é mais recente jogo da SCML foi o que teve o maior crescimento no ano passado, subindo 20% para os 634 milhões de euros, aproximando-se do Euromilhões (responsável por 825 milhões, aliado ao M1ilhão).

Graças ao crescimento do Placard, ligado às apostas desportivas, a SCML conseguiu diminuir um pouco a sua dependência da “raspadinha”. Isso mesmo foi destacado esta terça-feira pela SCML que, no comunicado onde deu nota da disponibilização das contas de 2019, refere que nesse período “a evolução mais marcante” foi a “dimensão ganha pelo Placard, que passou a representar 18,9% do total de vendas, contribuindo para um maior equilíbrio da estrutura de vendas dos jogos sociais”.

De resto, todos os outros jogos tiveram subidas, à excepção do Totobola, que desceu 3,2% para os cinco milhões de euros. Pela primeira vez, destaca a SCML, o valor dos prémios distribuídos superou os dois mil milhões de euros, havendo 11,3 milhões de euros que ficaram por entregar aos vencedores devido à falta de reclamação do prémio dentro do prazo estipulado.

Desafios para este ano

De acordo com a SCML, foram distribuídos 764 milhões de euros pelos beneficiários sociais, tendo o Estado arrecadado 186 milhões através do imposto de selo (dos quais 42 milhões vieram dos valores dos prémios superiores a cinco mil euros). Este valor equivale a 11% do total da receita fiscal que o Estado arrecada com este imposto.

Os jogos sociais são a principal fonte de receitas da SCML que, segundo comunicou agora a instituição liderada por Edmundo Martinho teve um resultado líquido de 37,5 milhões de euros em 2019. Este é, de acordo com a SCML, “o segundo melhor dos últimos anos, apenas ultrapassado pelo resultado alcançado em 2017”.  

Olhando para este ano, a instituição adianta que os resultados de 2019 lhe permitem “responder de forma adequada às exigências que o tempo actual veio colocar”. “A actual situação de crise que se vive no mundo, devida à pandemia, afectou todos os sectores e na Santa Casa esta realidade não é excepção”, destaca a SCML, revelando que houve uma quebra de 44% nas receitas das vendas dos jogos sociais entre Março e Maio deste ano face a idêntico período de 2019. A instituição não forneceu os dados semestrais.

“Paralelamente a este factor”, diz a SCML, “dada a natureza social da instituição”, houve “um aumento substancial e não planeado da despesa (em cerca de 30%), devido às inúmeras solicitações, no sentido de dar resposta às necessidades sociais consequentes da covid-19”.