Benfica afunda-se na Grécia. Nesta época, não há Liga dos Campeões

A derrota frente ao PAOK tem imediatas consequências financeiras e desportivas. A uma boa primeira parte dos “encarnados”, com algumas ocasiões para chegarem à vantagem, seguiu-se uma segunda apática.

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Em 2020-21, não haverá Liga dos Campeões para o Benfica. Dezasseis anos depois da desfeita grega no Euro 2004, um grupo de 11 “gregos” voltou a frustrar uma equipa portuguesa. E os “encarnados”, com a derrota frente ao PAOK (2-1), o 73.º classificado do ranking UEFA, vão ter de contentar-se com a qualificação para a Liga Europa, falhando a presença no palco supremo do futebol mundial.

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Em 2020-21, não haverá Liga dos Campeões para o Benfica. Dezasseis anos depois da desfeita grega no Euro 2004, um grupo de 11 “gregos” voltou a frustrar uma equipa portuguesa. E os “encarnados”, com a derrota frente ao PAOK (2-1), o 73.º classificado do ranking UEFA, vão ter de contentar-se com a qualificação para a Liga Europa, falhando a presença no palco supremo do futebol mundial.

Sendo certo que desportivamente, do ponto de vista racional, a segunda prova europeia poderá ajustar-se mais ao valor das equipas portuguesas, o mais provável é que, nesta fase, os benfiquistas argumentem que, para não estarem na Champions, não seria necessário ter ido buscar Jorge Jesus. E muito menos gastar 77 milhões de euros em avançados.

E não há como negar: a derrota em Salónica traz efeitos financeiros, desportivos e poderá influir até no próximo acto eleitoral do clube, já em Outubro. Em suma, esta terça-feira trouxe um completo desastre para as “águias”, sedentas de recuperar a dimensão europeia.

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Antes da partida, Jorge Jesus disse que a ambição “é ir o mais longe possível na Europa”. “Esta ambição ninguém me pode tirar”, disparou ainda. Já experiente na comunicação, o técnico falou de “Europa” e não de Champions, mas ninguém crê que esta queda para a Liga Europa fosse aquilo a que se referia o treinador “encarnado”.

Início dominador

Nesta noite, o Benfica até foi dominador e mais rematador na primeira parte, mas o risco de uma eliminatória a um só jogo é precisamente este: um “David” pode chegar ao golo e trocar as contas ao “Golias”. E o PAOK fê-lo, frente a um adversário em perda na segunda parte.

Para este jogo, Jorge Jesus tinha prometido não haver “lugar cativo” para reforços, fosse qual fosse o valor pago pelas contratações. E cumpriu a promessa. Chamou Vertonghen, Pedrinho e Everton, mas abdicou de Gilberto, Waldschmidt e, sobretudo, de Darwin Núñez.

A primeira parte mostrou um Benfica globalmente dominador, apesar de o primeiro ataque perigoso (aos 4’) e o primeiro remate (aos 15’) até terem sido do PAOK.

Frente a um sistema de três centrais, que na maioria do tempo formou uma linha de cinco porque foi obrigado a jogar em organização defensiva, o Benfica percebeu que só uma pressão em bloco poderia funcionar, evitando “queimar” Seferovic e Pizzi numa pressão inútil em inferioridade numérica.

Sem pressão muito alta, mas com a linha média bastante próxima da dos atacantes, o Benfica não recuperou a bola tão perto da baliza adversária, mas pôde na mesma recuperá-la de forma rápida e condicionar a construção do PAOK.

E o posicionamento de Taarabt parece ter sido uma inovação de Jesus, já que o marroquino surgiu muito adiantado no terreno – o Benfica chegou a estar permanentemente em 4x1x4x1 – e teve muita bola em zonas entre linhas e em zonas interiores.

A equipa “encarnada” apostou na mobilidade, para tirar referências ao PAOK, e foi dessa forma que Taarabt conseguiu “activar” Everton aos 20’ (remate interceptado), rematar ele próprio aos 25’ (remate defendido) e chamar Pedrinho aos 42’ (novo remate defendido).

Além destes lances, o Benfica ainda conseguiu servir Seferovic pelo ar três vezes: aos 22’, aos 27’ e aos 33’. O internacional suíço repetiu cabeceamentos falhados.

Sensivelmente entre os 25’ e os 35’ o Benfica chegou mesmo a ser asfixiante, com povoamento constante em redor da área do PAOK. E foi aos 30’ que Pizzi enviou um livre directo ao poste.

Em suma, apesar de nem sempre gerar claras situações de golo, o Benfica teve lances suficientes para chegar à vantagem, sobretudo graças à capacidade de recuperar rapidamente a bola e de jogar entre linhas, em zonas interiores, com Taarabt e os dois alas.

Quebra física na segunda parte

A abrir a segunda parte o Benfica teve a melhor oportunidade de golo, aos 56’, novamente com a capacidade de Taarabt, Pedrinho e Everton entre linhas: o primeiro criou a jogada, o segundo fez a assistência final e o terceiro finalizou para defesa de Zivkovic.

Aos 63’, numa fase mais “morna” em que o Benfica parecia algo cansado, chegou o balde de água fria. Pizzi e Almeida foram ultrapassados por Giannoulis em dois contra dois e o PAOK conseguiu sair em superioridade. Os “encarnados” não conseguiram provocar o fora-de-jogo e Akpom assistiu Giannoulis, que não mais parou e finalizou dentro da área.

O Benfica balanceou-se, então, para o ataque, já com Vinícius e Darwin em campo – e com os médios e os alas visivelmente cansados – e, aos 75’, Giannoulis fez mais um raide individual (ninguém quis fazer uma falta para parar a jogada) e deu a bola a Zivkovic. O ex-jogador das “águias”, com tempo e espaço, puxou da direita para o meio e rematou para o poste mais próximo. Não quis celebrar o sérvio, mas celebraram todos os outros colegas. E ter sido um dispensado “encarnado” a confirmar o resultado só deu contornos ainda mais trágicos a esta eliminação.

Tudo fácil para o PAOK, perante um Benfica menos capaz na recuperação de bola a cada minuto que passava. E a segunda parte foi muito menos rica, com os “encarnados” mental e fisicamente incapazes de jogar e criar, e um PAOK pouco incomodado e perigoso a contra-atacar.

Numa ponta final de tudo ou nada, e mesmo sem conseguir solicitar os avançados no coração da área, o Benfica ainda reduziu aos 90+4’, com um golo de cabeça de Rafa, mas já nada havia a fazer. Os 34 milhões milhões de euros de prémio de acesso à Champions não passavam de uma miragem.