Em ano trágico para o sector, feiras do livro de Lisboa e do Porto superaram expectativas

Balanço positivo em termos de volumes de vendas, apesar de em Lisboa a afluência de visitantes estar estimada em metade da dos anos anteriores, e no Porto já se saber que por lá passaram cerca de 100 mil visitantes. Para o ano, o homenageado na feira do livro do Porto será Júlio Dinis, revelou Rui Moreira.

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Feira do Livro do Porto Nelson Garrido

Num ano em que houve uma quebra de receitas de 30% na venda de livros no primeiro semestre, por comparação com o período equivalente de 2019, as feiras do livro parecem ter trazido o tal balão de oxigénio que era necessário. Opinião geral é que apesar de tudo, em tempo de pandemia provocada pela Covid- 19, as feiras superaram as expectativas. Principalmente no seu arranque, no primeiro fim-de-semana, que para alguns editores foi um dos melhores dos últimos anos.

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Num ano em que houve uma quebra de receitas de 30% na venda de livros no primeiro semestre, por comparação com o período equivalente de 2019, as feiras do livro parecem ter trazido o tal balão de oxigénio que era necessário. Opinião geral é que apesar de tudo, em tempo de pandemia provocada pela Covid- 19, as feiras superaram as expectativas. Principalmente no seu arranque, no primeiro fim-de-semana, que para alguns editores foi um dos melhores dos últimos anos.

É por isso positivo o balanço que a Associação Portuguesa de Editores e Livreiros (APEL) faz da 90.ª edição da Feira do Livro de Lisboa que decorreu de 27 de Agosto a 13 de Setembro no parque Eduardo VII com a utilização permanente de máscara, frequente desinfecção das mãos, distanciamento social dentro do possível quando num mesmo stand várias pessoas se juntavam para fazer as suas compras.

Quem passou pela feira do livro de Lisboa nestes dias notou que não só os editores tinham os seus stands preparados com marcas no chão, filas direccionadas, gel desinfectante em frascos e pulverizador (principalmente nas áreas destinadas aos grandes grupos editoriais) como nas áreas de restauração, ao ar livre, havia permanentemente funcionários a tratar de desinfectar as mesas e cadeiras e a recolher os materiais descartáveis.

“Não sendo possível apurar números finais, mas somente tendências, sabemos que, de uma forma generalizada, o volume de vendas se terá traduzido em valores aproximados aos das últimas duas edições”, dizem os responsáveis num comunicado enviado ao PÚBLICO.

“Positivo porque se verificou que os visitantes vieram ao encontro dos livros e o sentimento generalizado é de que a realização do evento veio dar um sinal de esperança, motivando o sector e dando um particular ânimo aos editores e livreiros, que viram nesta edição alguma revivificação do mercado”, acrescentam.

Em termos de afluência de visitantes a APEL estima ter sido cerca de metade das anteriores edições, mas só daqui a algumas semanas terão os números definitivos. “O que, dentro do que era expectável, é muito positivo e espelha a vontade e a falta que as pessoas já sentiam destas iniciativas e demonstrando que é possível realizá-las e frequentá-las em segurança”. O número habitual das edições mais recentes da Feira do Livro de Lisboa costumava ser meio milhão de visitantes.

“Por tudo isto, dentro do contexto que vivemos e do que eram as expectativas, acreditamos que a Feira do Livro de Lisboa foi um sucesso, que não hesitaríamos em voltar a repetir.”

Neste ano o limite de pessoas na Feira do Livro de Lisboa era de 3300 em simultâneo e nestes 18 dias de feira não aconteceram os dois feriados habituais (quando a feira se realiza no final de Maio e Junho) e teve menos um dia.

Também a Feira do Livro do Porto, que entre 28 de Agosto e 13 de Setembro decorreu nos Jardins do Palácio de Cristal, contou com limitação de 3500 pessoas, em simultâneo, por causa da pandemia da covid-19. No entanto recebeu este ano cerca de 100 mil visitantes, revelou a organização à agência Lusa. Na rubrica “Escrita Escuta”, da Rádio Estação, propositadamente criada no âmbito da Feira do Livro do Porto 2020, o presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira, citado pela Agência Lusa, sublinhou que o número de visitantes em causa, ainda que provisório “é extraordinário na circunstância actual”, regozijando-se com o sucesso em termos organizativos da feira. “Fizemo-lo pesando e sopesando um conjunto de circunstâncias. Em primeiro lugar, sabemos que ela decorre num espaço público, mas apesar disso é um espaço vedado, com condições para garantir o controlo do número de visitantes”, disse no domingo o presidente da Câmara do Porto. O autarca anunciou que a edição de 2021 da Feira do Livro do Porto vai homenagear o escritor portuense, do século XIX, Júlio Dinis (1939-1871), autor de As Pupilas do Senhor Reitor, Uma Família Inglesa ou A Morgadinha dos Canaviais que “ainda que não seja completamente esquecido, é um escritor cujo mérito carece de reconhecimento”.