João Ferreira é o candidato do PCP “para ir até ao fim”

Jerónimo de Sousa não poupou nas críticas ao mandato presidencial de Marcelo Rebelo de Sousa, dizendo que ficou “marcado pelo seu empenhamento no processo de rearrumação de forças políticas posto em marcha, para branquear o PSD”.

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Nuno Ferreira Santos

João Ferreira é o candidato do PCP às eleições presidenciais de Janeiro do próximo ano, anunciou neste sábado o secretário-geral do partido. “Uma candidatura para ir até ao fim”, assegurou Jerónimo de Sousa, garantindo que o seu nome foi aprovado por unanimidade pelo Comité Central.

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João Ferreira é o candidato do PCP às eleições presidenciais de Janeiro do próximo ano, anunciou neste sábado o secretário-geral do partido. “Uma candidatura para ir até ao fim”, assegurou Jerónimo de Sousa, garantindo que o seu nome foi aprovado por unanimidade pelo Comité Central.

“Esta será a candidatura para dar voz ao projecto e valores de Abril, à defesa dos direitos dos trabalhadores e do povo e à afirmação da igualdade e justiça sociais e da soberania e independência nacionais”, assegurou o líder comunista.

João Manuel Peixoto Ferreira, 41 anos, é formado em biologia e é actualmente deputado do PCP ao Parlamento Europeu, que acumula com o cargo de vereador à Câmara Municipal de Lisboa.

Profissionalmente, João Ferreira é técnico superior da Associação Intermunicipal de Água da Região de Setúbal desde 2009. Foi director da revista Portugal e a UE e autor do livro A União Europeia não é a Europa. Foi também presidente da direcção da Associação dos Bolseiros de Investigação Científica, membro do Senado da Universidade de Lisboa e membro da Direcção da Associação de Estudantes da Faculdade de Ciências de Lisboa.

O secretário-geral do PCP considerou que as próximas eleições para Presidente da República se revestem “da maior importância, pelo enquadramento nacional e internacional em que decorrem e pelas funções e papel do Presidente da República na vida nacional”.

“A política de direita levada a cabo durante as últimas décadas por PS, PSD e CDS tem as consequências que são conhecidas na situação do país, no agravamento das injustiças e desigualdades sociais, no aprofundamento dos seus défices estruturais e agravamento da dependência externa, na perda da soberania e no comprometimento do seu desenvolvimento”, acentuou.

“Seriedade e integridade”

Jerónimo de Sousa salientou a “seriedade, integridade e entrega à causa pública”, de João Ferreira, “bem patente na sua acção como dirigente associativo universitário e nos diversos órgãos da Universidade de Lisboa” e o “valioso e volumoso trabalho realizado no Parlamento Europeu”. Valores que, acrescentou “procurará imprimir em toda a batalha eleitoral e que assumirá, sendo eleito, na Presidência da República”.

O líder comunista afirmou ainda que estas eleições “constituem um importante momento para a afirmação e defesa da Constituição da República Portuguesa”, garantindo que o PCP “intervirá de forma autónoma e independente, empenhando-se em colocar na Presidência da República alguém comprometido, nas palavras e nos actos, com a Lei fundamental do País e com o regime democrático e projecto de desenvolvimento que dela emanam”.

Mas o discurso de Jerónimo após a reunião do comité central estava também recheado de críticas ao actual chefe de Estado.

“O mandato do actual Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, para lá do seu activismo, é marcado pelo seu empenhamento no processo de rearrumação de forças políticas posto em marcha, para branquear o PSD”, afirmou.

Marcelo com “cooperação intensa com o PS"

Jerónimo falou ainda “na cooperação intensa com o PS, que procura assegurar as condições para a chamada política de ‘bloco central’, formal ou informalmente assumida, que marcou o país nas últimas décadas, e está inserido nas opções essenciais da política de direita a favor do grande capital e contrários aos trabalhadores, aos pequenos e médios empresários e agricultores, aos jovens, às mulheres”.

O líder comunista acrescentou que a candidatura e o candidato do PCP “estará agora onde sempre esteve e onde faltaram os Presidentes da República: junto dos trabalhadores e do povo, nas suas lutas pelos seus legítimos direitos, interesses e aspirações”.

“Uma candidatura que, sendo assumida pelo PCP, será a candidatura de todos os democratas e patriotas, de todos os trabalhadores, de todos os homens e mulheres que lutam por um Portugal mais justo, soberano e desenvolvido”, concluiu.

João Ferreira foi cabeça de lista pela CDU às eleições europeias do ano passado, tendo a coligação ficado em quarto lugar, com 7,41% dos votos, elegendo dois eurodeputados.

Já a sua candidatura à presidência da Câmara de Lisboa, em 2017, também na coligação CDU, conseguiu 9,55% dos votos, obtendo igualmente o quarto lugar, conseguindo dois mandatos.

A candidatura de João Ferreira deverá ser apresentada publicamente pelo próprio na próxima quinta-feira (dia 17).