Nilson Dourado estreia ao vivo na Casa da Cerca o seu novo disco, Silêncio

Quarto concerto da sexta edição do ciclo Há Música na Casa da Cerca pode ser visto este sábado, às 21h30, no Facebook (também no do PÚBLICO): Nilson Dourado.

Foto
Nilson Dourado na Casa da Cerca DR

O ciclo Há Música na Casa da Cerca resistiu de forma hábil às restrições da pandemia e continua como começou: sessões pré-gravadas nos jardins da Casa da Cerca (Almada) e transmissão posterior no Facebook da Casa, na noite para que estavam programados. Depois dos Fogo Fogo, do projecto A Garota Não e do Mário Franco Trio, este sábado é a vez de Nilson Dourado, cantor e compositor brasileiro radicado em Portugal que vai estrear algumas das canções do seu novo disco, Silêncio, a editar ainda este ano. A emissão é este sábado, às 21h30, no Facebook do artista, no da Casa da Cerca e no do PÚBLICO (clique aqui e siga o Facebook do PÚBLICO).

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O ciclo Há Música na Casa da Cerca resistiu de forma hábil às restrições da pandemia e continua como começou: sessões pré-gravadas nos jardins da Casa da Cerca (Almada) e transmissão posterior no Facebook da Casa, na noite para que estavam programados. Depois dos Fogo Fogo, do projecto A Garota Não e do Mário Franco Trio, este sábado é a vez de Nilson Dourado, cantor e compositor brasileiro radicado em Portugal que vai estrear algumas das canções do seu novo disco, Silêncio, a editar ainda este ano. A emissão é este sábado, às 21h30, no Facebook do artista, no da Casa da Cerca e no do PÚBLICO (clique aqui e siga o Facebook do PÚBLICO).

Nascido na cidade de São Paulo, Brasil, no dia 31 de Julho de 1980, Nilson Dourado passou a infância numa cidade do interior da Bahia, regressando com 9 anos à capital paulista. O pai, baiano, quis tentar a sorte de voltar a viver na sua cidade, mas não resultou. “E eu fui nesse baile familiar”, diz Nilson ao PÚBLICO. A música já estava presente na família. “O meu avô materno tocava acordeão, a minha mãe sempre cantava em casa, ouviu muito cantoras e cantores de rádio, e o meu pai toca vários instrumentos, sempre autodidacta. Eu cresci com a imagem do meu pai a tocar violão ou qualquer instrumento que lhe caía na mão.” O filho segui-lhe os passos, com um início também autodidacta, experimentando os instrumentos que havia lá por cá. “O primeiro foi mesmo o violão. E a percussão sempre foi um paralelo natural para mim, sempre toquei muitos instrumentos de percussão, aliás a música brasileira é muito dependente disso.”

Mas depois formou-se em viola caipira na Universidade Livre de Música – Tom Jobim, em São Paulo, aprendendo também piano, bateria e clarinete, entre outros instrumentos. Além de arranjo, harmonia, composição e canto. O curso leva-o a montar o seu próprio estúdio doméstico, em 2006, devido até a um trabalho anterior: “Comecei por volta do ano 2000 a trabalhar com a Companhia de Dança Contemporânea e Teatro e com esse projecto adquiri um pouco esse trato com a composição de bandas sonoras e com vários instrumentos, explorando texturas musicais que não eram propriamente canção.”

Depois de integrar como solista a Orquestra Paulistana de Viola Caipira e grupos como o Núcleo Omstrab, a Guroovie e Trinca-Ferro Trio, Nilson Dourado grava no Brasil um primeiro disco a solo, Sabiá (2012), lançado quando ele já estava em Portugal. “Esse disco tem uma história interessante nessa relação Brasil-Portugal. Com o trabalho de produção musical, fui-me distanciando de certo modo da canção, que tinha sido a minha entrada no território da música. Mas quando venho para Portugal, em contramão, em 2009 (porque o Brasil estava numa fase de ascensão), pela necessidade de respirar novos ares, vim com a minha companheira por uma temporada e voltámos a São Paulo em 2011, quando gravo o álbum. Nesse período, em que eu passei a ter um tempo que não tinha antes em São Paulo, volto aos meus materiais, às coisas que tinham ficado na gaveta, retomo a escrita e volto pouco a pouco à canção. E quando regresso ao Brasil, levo uma série de canções e a necessidade de gravar naquele momento. Além de uma parceria com o Tiganá Santana, um cantor e compositor de Salvador da Bahia.”

O novo disco, Silêncio, começou a trabalhá-lo há dois anos e deve ser editado até Dezembro. “Comecei a trabalhar nele em 2018, embora ele traga algumas canções que foram compostas antes disso.” Já canção-título, Silêncio, foi composta mesmo no final. “Tinha todas as outras prontas e essa surgiu já no estúdio.” Nilson Dourado explica título e disco desta forma: “Esse álbum reflecte o silêncio em algumas das suas mais diversas camadas. Saindo do conceito mais literal da palavra, porque o silêncio na sua forma absoluta não existe. Temos sempre um ruído qualquer, algum som. Do mar, do ar, até da nossa mente. Não temos um silêncio mental, há toda uma componente de ruído inconsciente ou mesmo consciente. Ora eu sinto que esse álbum resume, a partir do meu olhar, da minha sensibilidade enquanto artista, músico e criador, algumas das instâncias que o silêncio pode vir a representar. Às vezes de forma mais filosófica, outras de forma mais descritiva ou num processo mais onírico. O silêncio é mais um estado em que nós nos colocamos e acedemos a outras camadas de nós próprios.”

O disco tem nova parceria com Tiganá Santana (na canção Estelar) e conta com a participação de músicos como Francisco Pellegrini (ao piano) ou a cantora portuguesa Susana Travassos, que canta com Nilson Dourado na última faixa do disco, Presença.

Com Nilson Dourado (voz e guitarra), autor de todas as composições apresentadas, estão cinco músicos: Katerina L’Dokova (piano), Walter Areia (contrabaixo), Ruca Rebordão (percussão), Diogo Duque (trompete e flauta) e Raquel Reis (violoncelo).

O ciclo Há Música na Casa da Cerca decorrerá até Dezembro, com um concerto por mês, seguindo-se Mad Nomad, já no dia 26, Luís Fernandes e Baltazar Molina.