De visita à exposição de Alfredo Cunha, Marcelo alerta para “números que são um alarme”
Presidente da República recomenda “avaliação permanente” de novas medidas para travar a subida dos contágios.
O Presidente da República apontou hoje os 687 novos casos de covid-19 em Portugal como “um alerta” e disse que as medidas anunciadas são as “consideradas possíveis e necessárias”, mas recomendou uma “avaliação permanente”.
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O Presidente da República apontou hoje os 687 novos casos de covid-19 em Portugal como “um alerta” e disse que as medidas anunciadas são as “consideradas possíveis e necessárias”, mas recomendou uma “avaliação permanente”.
Marcelo Rebelo de Sousa falava em resposta aos jornalistas no final da inauguração da exposição e lançamento do livro “A cidade que não existia”, de Alfredo Cunha, na Galeria Municipal Artur Bual, na Amadora.
Questionado sobre os 687 novos casos de covid-19 divulgados nesta sexta-feira pela Direcção-Geral da Saúde, o chefe de Estado declarou: “Estes números, apesar de tudo menos graves do que muitos outros por essa Europa foram, mas são números que são um alarme, são um alerta”.
“E esse alerta quer dizer que estamos a um nível que é o dobro daquilo que estávamos, às vezes quase o triplo daquilo que estávamos há um mês, um mês e meio, dois meses, o que significa que a abertura na convivência social facilita naturalmente o crescimento da epidemia”, acrescentou.
Para o Presidente da República, “o que é verdadeiramente fundamental é que o número de internados esteja controlado, como está, o número de cuidados intensivos esteja controlado, como está, e que o número de mortos não ultrapasse as tais linhas vermelhas de que o Governo também fala, e não tem ultrapassado, felizmente”.
Achatar a curva
Interrogado se na sua opinião são suficientes as medidas anunciadas pelo Governo, que prometeu promulgar quando forem transpostas para decreto-lei, o chefe de Estado respondeu: “Neste momento, foram as medidas consideradas possíveis e necessárias para fazer o passo fundamental que é travar o crescimento, controlar o crescimento, e tentar, para simplificar, achatar a curva. É uma avaliação que tem de ser feita permanentemente”.
“Como imaginam, o Presidente da República está a fazer essa avaliação permanentemente”, referiu.
Ainda sobre as referidas medidas, Marcelo Rebelo de Sousa adiantou: “O Governo aprova a resolução, mas vai ser necessário uma lei e o Presidente assinará essa lei. E o Governo antes de tomar as medidas falou com o Presidente. Portanto, estamos sintonizados: é aquilo que se pensa que é preciso fazer para tentar manter o controlo da situação”.
“Quando terminou o estado de emergência eu tive a noção de que não era fácil em Portugal estar a recorrer a um novo estado de emergência, e não era possível e não era desejável”, mencionou, concluindo: “Neste momento, vamos ensaiar o estado de contingência a nível global. É preciso que as pessoas ajudem”.
Marcelo Rebelo de Sousa reiterou o apelo aos portugueses para que “se contenham em termos de convivência social” e, “da forma como fizeram noutras circunstâncias e anteriormente, percebam que estas medidas são para levar a sério”.
“Está prometido um aumento substancial de testes, e portanto vai aumentar a capacidade de testagem, isso é importante”, realçou.
Fazer das tripas coração
Sobre o início do ano lectivo, que antecipa complexo, o Presidente da República aconselhou humildade para corrigir o que correr menos bem e considerou que vai ser preciso “fazer das tripas coração”. O chefe de Estado começou por defender a importância do ensino presencial, alegando que “o ensino não presencial não é verdadeiramente ensino completo”.
“Agora, isso obriga a um esforço que, eu percebo os professores e os sindicatos dos professores, é muito difícil, percebo os pais e associações de pais, é muito difícil, percebo os jovens, porque para eles ainda é mais difícil. Mas vamos ter de lidar com isto, quem sabe, meia dúzia de meses”, acrescentou.
Marcelo Rebelo de Sousa realçou que este ano lectivo “provavelmente não é perfeito, foi posto de pé no meio de uma pandemia, com o ano lectivo anterior ainda a terminar e com muito pouco tempo”.
“Por isso é que temos de ter a humildade, mas também a honestidade de, sempre que não estiver a correr bem, tentar corrigir. Aumentar a capacidade de rastreio, ou seja, de testagem, sempre que possível - e o Governo já disse que ia tentar fazê-lo. E fazer das tripas coração, porque esta situação continua a ser em muitos aspectos, em Portugal como noutros países, imprevisível, no tempo que vai durar, na forma de que se vai revestir e nos desafios que coloca”, aconselhou.
O Presidente da República referiu que “a previsão última é que não há vacina provavelmente antes de Fevereiro ou Março” e pediu “espírito colectivo” e que se transforme “a preocupação” com o regresso à escola “em acção” conjunta.