Incêndios nos EUA. Dez mortos na Califórnia, meio milhão em fuga do Oregon
É difícil respirar na Califórnia, estado habituado a duras épocas de incêndio mas que nunca assistiu a nada como a deste ano. “Estamos a sentir os impactos agudos das alterações climáticas”, diz a governadora de Oregon.
Mais de 100 incêndios ardem em 12 estados americanos. Os mais afectados são na costa Oste: Washington, na fronteira com o Canadá, Oregon e Califórnia, onde os céus de cidades como San Francisco se tornaram alaranjados. Meio milhão de pessoas teve de abandonar as suas casas no Oregon, com evacuações em massa nos subúrbios de Portland – na quinta-feira os níveis de poluição na cidade ficaram entre os mais altos do mundo, acima de Jacarta, na Indonésia, ou Deli, na Índia.
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Mais de 100 incêndios ardem em 12 estados americanos. Os mais afectados são na costa Oste: Washington, na fronteira com o Canadá, Oregon e Califórnia, onde os céus de cidades como San Francisco se tornaram alaranjados. Meio milhão de pessoas teve de abandonar as suas casas no Oregon, com evacuações em massa nos subúrbios de Portland – na quinta-feira os níveis de poluição na cidade ficaram entre os mais altos do mundo, acima de Jacarta, na Indonésia, ou Deli, na Índia.
Já morreram dez pessoas no condado de Butte, na Califórnia, mas há pelo menos 16 desaparecidos e os bombeiros lutam para conseguir alcançar todas as áreas afectadas.
No estado de Oregon, há quatro mortos confirmados, incluindo um menino de 12 anos e a sua avó, que morreram perto de Lyons, a sul de Portland. Em fuga está praticamente 10% da população de 4,2 milhões. “Quando temos um incêndio que queima casas e estabelecimentos comerciais, temos condutas de gás abertas que estão a jorrar gás natural, e estas também estão a arder”, descreve Rich Tyler, porta-voz do Departamento de Incêndios de Oregon, citado pelo jornal The New York Times.
A governadora, a democrata Kate Brown, fala em incêndios “sem precedentes” e prevê “numerosas perdas, em termos de edifícios e vidas humanas”. “Nunca vimos esta dimensão de incêndios descontrolados… Isto não vai ser um desastre isolado. Infelizmente, é um indicador do nosso futuro. Estamos a sentir os impactos agudos das alterações climáticas”, disse Brown, numa conferência de imprensa.
Em Washington, um bebé de um ano morreu e os seus pais estão em estado muito grave depois de terem ficado cercados por chamas e fumo quando tentavam escapar do principal incêndio florestal no estado. Na cidade de Maldes, no leste, outro incêndio destruiu quase todas as casas, e a polícia teve de correr pelas ruas aos gritos para avisar os habitantes da proximidade das chamas.
“Distopia de Hollywood"
Os 29 maiores incêndios florestais na Califórnia estão a ser combatidos por mais de 14 mil bombeiros. Até agora, já foram destruídos 1,2 milhões de hectares, de longe um novo recorde desde 1987, altura em que o estado começou a contabilizar a área ardida (em 2019, ficaram destruídos perto de 105 mil hectares).
“A costa Oeste está, literalmente, a arder – dos céus cor-de-laranja de San Francisco às chuvas de cinza no Sul da Califórnia, parece o resultado de uma distopia de Hollywood”, escreve a CNN. “Só que não é uma distopia. A crise climática chegou – e na Costa Oeste as pessoas estão a assistir na fila da frente e a testemunhar até que ponto pode ser terrível, através do ar que respiram.”
“Custa respirar”, escrevem muitos habitantes nas suas contas de Twitter. “Há mais alguém com os olhos a arder por causa deste fumo e da qualidade do ar, ou só eu?”, pergunta um residente.
Agosto já tinha sido mau, com alguns dos piores incêndios da história do estado. Mas o mais grave da época dos fogos só costuma chegar em Setembro e Outubro.
“Se as alterações climáticas eram algo abstracto até há uma década, agora são demasiado reais para os que, na Califórnia, estão envoltos em fumo e fogem dos piores incêndios florestais já registados”, escreve o New York Times.